Vai na esquina e volta com uma muda: a mania dos colecionadores de rosas do deserto k5a39
Em vários cantos do estado, o hábito de trocar mudas de rosas do deserto é tão comum quanto trocar figurinhas da copa. Nós falamos com algumas dessas colecionadoras que viram na jardinagem uma terapia. n552t
Como diz a música do Tim Maia, “é Primaveeeeera”! A estação que começou oficialmente às 22h dessa quinta-feira (22) e vai até 21 de dezembro, marca o período de transição entre as estações seca e chuvosa na área central do Brasil, e é associada a volta das ? flores ?. As amantes de plantas piram e o Primeira Página conversou com algumas pessoas tem prazer em colecionar rosas do deserto.

Em vários cantos do estado, o hábito de trocar mudas de rosas do deserto é tão comum quanto trocar figurinhas da copa. Em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, por exemplo, não tem uma casa que não tenha ao menos um vaso com a flor. Na casa da funcionária pública Jocineia Ormond são mais de 100.
“É como se fosse uma magia, cada uma é diferente em nos detalhes”, destaca.
Para se ter uma ideia, existem mais de 150 tipos diferentes de rosas do deserto das mais variadas cores e aspectos. Essa diversidade cresce ainda mais, a medida que os amantes da planta exploram misturas fazendo enxertos – operação que se caracteriza pela inserção de um broto ou ramo, de um vegetal em outro vegetal, para que se desenvolva como na planta que o originou.
Além da variedade que enche os olhos de quem gosta de colecionar, Jocineia explica que o cultivo é o que torna a planta especial.
“A rosa do deserto é uma planta que não é tão fácil o cultivo, então pra mim é como se estivesse cuidando de mim mesma. A planta precisa de cuidado, se ela não está bem é porque está faltando algo assim como é com a gente. As pessoas falam que é um vício, pode ate ser me faz bem”, destaca.
Além das rosas do deserto, a funcionária pública também é apaixonada por cactos e suculentas. Ela conta que foi na jardinagem que conseguiu se reerguer da depressão.
“Me ajuda a aliviar daqueles problemas do dia a dia, do estresse. Quando estou mexendo nas plantas, é impressionante, é como se eu me transportasse para outro lugar. Eu fico leve, eu amo mexer com planta, se eu pudesse só faria isso. Me deixa muito feliz”, reforça.

O cuidado com as plantas também mudou a rotina da Fabriciane Alencar. Moradora de Nova Olímpia, a 207 km da capital, ela cultiva na casa dela cerca de 70 rosas do deserto.
“ei a gostar porque as minhas filhas foram casando e fui ficando muito sozinha em casa. Foi batendo aquela tristeza, aí fui gostando, comprando, ganhando”, explica.
Segundo especialistas, doses diárias de cuidados com as plantas são de fato uma ótima atividade terapêutica.
De acordo com uma pesquisa publicada no ScienceDirect, a jardinagem pode melhorar a saúde física, psicológica e social, além de que, em uma perspectiva de longo prazo, também pode ajudar a aliviar e prevenir vários problemas de saúde enfrentados pela sociedade atual.
“Elas significam muita coisa pra mim, tem muita história. A primeira que eu ganhei, por exemplo, na época eu estava ando por um período muito difícil da minha vida e foi um amigo muito especial que me deu. Eu tenho ela até hoje”, conta.
E as trocas de mudas por lá também são comuns. Ela contou que basta uma postagem no status, que forma-se uma fila em frente a casa dela.
“A variedade das flores me encantam, cada uma mais diferente que a outra. Quando eu podo elas, geralmente eu doo. Então é eu postar no meu status que eu vou podar que enche de gente na porta da minha casa daqui 10 minutos”, brincou.