Uma terapia diferente: saiba como a arte pode amenizar os sintomas de uma rotina pesada 6t6l3b
A rotina cada vez mais intensa, uma lista quase sem fim de coisas para conquistar, cobranças internas, externas, e a falta de uma pausa para respirar e olhar para dentro de nós mesmos. Essas são algumas das causas de estresse, ansiedade e depressão, que atingem cada vez mais pessoas. Mas você sabia que a arte pode amenizar essas sensações?
A arteterapia é um método no qual um psicoterapeuta apresenta a um paciente várias formas de expressões artísticas, para que essa pessoa consiga se expressar melhor e refletir sobre suas questões sentimentais enquanto produz algum tipo de arte.
Aos olhos da arteterapia, o ser humano é um ser criativo capaz de se transformar em um artista da sua própria realidade, ressignificando a vida por meio do contato com a arte.
Mas o que esse método utilizado por profissionais de saúde, em especial da psicologia, tem a ver com a nossa rotina? O fato de que ter um contato diário com atividades artísticas pode auxiliar na qualidade de vida, melhorando quadros de estresse, ansiedade e até mesmo depressão.

Isso é possível porque a arte pode ser considerada um canal de expressão das particularidades humanas, permitindo que um indivíduo enxergue suas próprias emoções e reflita sobre elas. Uma maneira de desabafar, de liberar todas as sensações ruins e de se comunicar com o mundo lá fora de um jeito diferente.
A arte de viver melhor 4q3v1e
Ações artísticas também são capazes de auxiliar no autoconhecimento, potencializar a criatividade e a comunicação, habilidades essenciais ao desenvolvimento e bem-estar humanos.
Mas por onde iniciar?
É simples e satisfatório: pode ser desenvolvendo uma arte em casa, sem precisar ter conhecimentos sobre métodos artísticos. Será preciso escolher entre papéis ou telas de pintura, giz de cera, lápis de cor ou tintas de aquarela, revistas para recorte e colagem ou argila.
Mas outros materiais também são importantes nesse processo: a própria realidade, sentimentos e pensamentos, porque as nossas experiências podem guiar a criatividade. Dessa forma, é possível partir da vida real para criar o novo na arte, que também poderá dar um novo olhar perante a vida, uma maneira mais sutil de lidar com o que nos cerca.
Se conhecendo e conscientizando 5y4x30
A psicóloga especialista em arteterapia, Gabriela Neves, explicou ao Primeira Página que esse processo é uma construção, e apesar dos desafios no caminho (como o primeiro contato com a arte, a autocobrança por querer produzir algo melhor ou até mesmo a frustração com o resultado final), é necessário confiar no movimento e se permitir desabafar.
A psicoterapeuta também conta sobre as “exigências do agora”, que estão adoecendo o ser humano nessa corrida para conquistar, ter, fazer, tudo de uma vez e cada vez mais. E em meio a esse caos, acabamos ignorando os nossos próprios limites sentimentais e psicológicos.
Gabriela fala que a arte vem como uma pausa nessa maratona: o contato corporal com um processo que agora é voltado apenas para o eu e não para o mundo lá fora, um processo em que não é preciso correr contra o tempo ou fazer cada vez mais e melhor. Só é preciso fazer esse ‘intervalo’ para entender e liberar o que se sente, da maneira que cada um preferir.
Além disso, esse processo criativo nos transmite organização dos pensamentos e sentimentos, nos dá aquela luz no caminho, sabe? Uma luz que a gente não encontra se não pararmos pra olhar com calma ao nosso redor e pra dentro de nós.
É que nesse contato artístico a gente também pode encontrar as “marcas de quem somos”, porque até a maneira de fazer uma obra artística é como um espelho que reflete o nosso olhar sobre o mundo, o que há de diferente em nós, porque agimos como agimos e sentimos como sentimos. Todos esses aspectos podem ser vistos através de uma pintura, colagem, escultura que a pessoa tenha criado.
E vale lembrar que conhecer esses nossos aspectos não é colocar uma marca do que podemos ser ou não, pelo contrário! Se conhecer é soltar amarras, é estar livre!
“É sobre a importância desse lugar de processo criativo! Como quando você precisava fazer algo com aquela angústia de estar naquela situação que você se encontrava, então você olhou o recurso que tinha ali e criou a partir daquilo. E aí surgiu algo super positivo a partir de um movimento seu, um lugar onde você se colocou, estimulou o seu criativo.” explica Gabriela.
A sutil arte da infância 3r2fg
Esse bem-estar que a gente pode encontrar fazendo arte não precisa ser provado somente na fase adulta e depois da nossa ‘bagagem’ de sensações já estar pesada demais.
A professora de artes Ellen Pelliciari conta que ações artísticas são benéficas até mesmo para as crianças, principalmente quando disponibilizadas já no ambiente escolar, pois esse contato desde a infância faz com que os pequenos aprendam a expressar o que sentem, tenham um meio de comunicar possíveis problemas em casa, além de ampliar o interesse pelos estudos e a capacidade de aprendizagem deles.
É que a arte é uma linguagem universal, livre, e que traz pra gente outras linguagens, ou maneiras de nos comunicarmos, como conta a professora.
“Nós não trabalhamos com perfeição, trabalhamos com o fato do indivíduo colocar pra fora aquilo que ele tá sentindo.” afirma Ellen.
Ou seja, cada cor ou material que escolhemos para fazer arte já diz muito sobre o ‘assunto’ que nosso coração quer trazer à tona, tudo isso em um ambiente de liberdade, que acolhe dos pequenos aos adultos!
As várias expressões de um ser 1n6u3d
Os materiais que podemos usar nos diferentes tipos de arte também funcionam como estímulos, cada um carrega um significado, só esperando pelo nosso toque. E se pararmos pra reparar, os processos de arte podem representar acontecimentos do nosso dia a dia e a maneira como vamos lidar com isso.
Vamos começar pela pintura: o lápis de cor é um material que pode ser usado de forma intensa no papel, criando um colorido forte. Ou de um jeito mais fraco, com cores mais suaves. Ele pode quebrar a ponta e você vai precisar pausar a pintura pra apontá-lo, mas depois você pode recomeçar de onde parou.

O giz de cera é mais pastoso, não cobre todos os detalhes da folha, deixa algumas imperfeições mas é forte e desliza no papel de um jeito mais satisfatório. Ele também pode quebrar no meio do processo.

Já a tinta vem com uma possibilidade mais fluida, mais líquida, e pode ser usada junto com a água para criar aquarelas. Ela pode te sujar, escorrer sobre suas mãos, pode criar manchas em você e na sua roupa, ela acaba atingindo bem mais do que um papel ou uma tela.

Com algumas revistas, uma tesoura e uma cola você pode criar uma colagem, que é uma das artes que mais nos causa essa sensação de organização a partir de algo que não precisa ser tão organizado assim. Recortando imagens ou rasgando com as próprias mãos e depois colando-as em uma folha, da maneira que você preferir, criando novas interpretações para pedaços de imagens que estavam ali na revista fazendo parte de outro significado.

A argila é uma opção de liberar os sentimentos mais carregados e intensos, você amassa a argila, bate ela na mesa, aperta, a os dedos pela superfície úmida, e por fim modela. Aqui também há uma grande liberdade para expressar tudo de uma vez, pra só depois entender a calma e reorganizar o olhar.

Além dos diferentes tipos de arte e a maneira como eles podem nos afetar positivamente, as cores também possuem significados e nos transmitem sensações:

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Agora que você já sabe o quanto a arte é capaz de contribuir com o nosso bem-estar, basta escolher como você vai querer desabafar!
Caso você tenha algo para lidar ou encarar aí dentro de você, ou se você quer uma rotina mais leve, esse é o momento de despertar o seu lado artístico!
Pois é isso que a gente precisa se dispor a fazer quando as coisas não caminharem assim tão bem: a gente cria, pinta, rasga, cola ou esculpe a próxima página sobre nós mesmos!