Homens e mulheres que usam da força em atividades pesadas ou carinho e atenção no atendimento dificilmente serão prejudicados pela tecnologia, segundo especialistas. Isto porque exercem profissões marcadas por questões que só o ser humano pode entregar. No Dia do Trabalhador, o Primeira Página apresenta alguns destes profissionais.
Silvana Machado, de 54 anos, é decoradora de festas especializada em balões (Foto: Arquivo Pessoal)
Por volta das 5h, Gerson Filho, de 35 anos, já desperta para tomar café e partir para uma rotina bem puxada.Às 6H bate ponto na escola em que trabalha e abre o portão. Ele tem que deixar todas as salas de aula organizadas para receber os alunos e professores.Além de manter o local limpo, ele está lá para o que der e vier e se tiver alguma lâmpada queimada, Gerson está pronto. Ele está na profissão de serviços gerais há mais de 15 anos. Tudo isso por um motivo especial.
? Ouça a reportagem completa produzida pela repórter da ? rádio Morena FM, Vivian Krajewski :
“Meu maior sonho é ver meus filhos formados”, diz.
Levantamento do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getúlio Vargas) projetou para os próximos anos as tendências de contratação. Os trabalhadores domésticos e outras atividades como limpeza de interior de edifícios estão entre as 20 ocupações com maiores participações no futuro.
Conforme o vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Dadson Borges, profissões personalizadas e que atuam diretamente com pessoas, dificilmente serão afetadas pela tecnologia.
“Nós temos profissionais da área da saúde. Por mais que tenha a teleconsulta ainda há necessidade desse acompanhamento próximo. Terapeutas, psicólogos, terapias alternativas permanecem tendo um grande avanço. Artistas plásticos, pessoas que trabalham com personalização do ramo da beleza, cabeleireiros e manicures. Essas pessoas de fato que hoje sempre tiveram esse contato com o ramo da beleza eu acredito que a tecnologia não avance”.
Profissionais da área da beleza fazem parte do grupo pouco afetado pela tecnologia (Foto: Divulgação)
Laura Cardoso, de 51 anos, é um exemplo. Ela trabalha na área da beleza há 26 anos. Quando a cliente chega, atende com um sorriso, uma boa conversa e um café.
Se a cliente quiser uma unha no formato mais arredondado, ela atende a preferência e os gostos de cada uma. Tudo é feito com muito amor e carinho, desde uma coloração para renovar o visual, até depilação com um produto que provoca menos dor. Mesmo aberta para novos desafios, a cabeleireira não abre mão do formato tradicional de atendimento.
Cinco das 10 ocupações com mais contratações em números absolutos estão relacionadas ao setor de serviços e comércio. As ocupações com ascensão no Brasil entre 2012 e 2019 incluem colaboradores formais e informais. Os cabeleireiros, especialistas em tratamento de beleza e afins, estão em destaque.
Mesmo com o cenário otimista, o especialista em RH, Dadson Borges, recomenda a busca por mais qualificação.
“É a atualização, é a inovação, é a criatividade, é a busca de estar cada dia mais à frente das tendências para que não fique para trás. Vou usar o exemplo do ramo da beleza. A moda é muito volátil, se não acompanha essa tendência pela tecnologia, pelas redes sociais, pelas tendências, de fato, acontece isso de ficar um pouco atrás”.
Silvana Machado, de 54 anos, é decoradora de festas especializada em balões. Já são 20 anos nessa profissão. O trabalho é feito de forma personalizada. São vários formatos de bombas manuais dependendo do tipo de serviço que o cliente deseja. Cada balão é medido com muito cuidado para o resultado ficar impecável. Silvana é especialista em esculturas de balões e já fez até formato de 12 metros em Ponta Porã. O gosto de lidar com pessoas fez Silvana crescer no ramo.
“Já fiz seminário internacional de balões, tudo focado na minha área que foi um ramo que cresceu muito, que atende vários setores. Hoje somos cinco pessoas em minha equipe, sempre estamos fazendo cursos porque avançar é muito importante e saber o que há de novo vai facilitar nosso trabalho e o trato com as pessoas”.
Trabalho feito com balões é exemplo de personalização (Foto: Reprodução/Balões em Festa)
O setor de eventos de cultura e entretenimento voltou a crescer em 2022. Segundo a Abrape (Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), no ano ado, o setor alcançou um crescimento de 400% comparado a 2020. De acordo com o levantamento, entre janeiro e setembro do ano ado, o setor gerou quase 230 mil empregos indiretos, com 14 mil contratações diretas na área de eventos.
Atividades que envolvem a personalização, como da Silvana, dificilmente serão prejudicadas pela tecnologia.
“O que nos motiva a continuar nessa área é ver o sonho realizado das pessoas. Como elas ficam felizes quando entregamos nossos serviços, um novo sempre vem. Vamos continuar animando as pessoas, mostrando o lado alegre da vida, festa! A vida tem que ser comemorada. É um combustível a mais nessa vida fazer comemorações”.