Tatuar avós: netos eternizam retratos e amor ‘incondicional’ 5l1y13

Tatuar retratos dos avós se tornou o desejo de muitos netos. Afinal, eles encontraram na arte uma forma de eternizar o amor que sentem pelos idosos.

“Eu tenho uma ligação afetiva muito grande em família, e meu avô sempre foi pra mim um exemplo. Eu tenho um amor incondicional por ele”, revela Leonardo Matheus Bezerra Rezende, de 26 anos. 

O professor de biologia, assim como o avô Valdir Nabhan de Rezende, de 74 anos, moram em Rochedo. O jovem percorreu 67 quilômetros para a Capital somente para tatuar o primeiro retrato dele com o sr. Valdir. 

Na época, antes de ter a ideia, o avô do jovem enfrentou um momento muito difícil. “Ele descobriu que estava com câncer na próstata. Foi um choque muito grande. ou por tratamentos pesados, doloridos. Sofria em silêncio, mas nunca pensou em fraquejar e desistir”, relembra. 

Em uma noite, o neto folheou alguns álbuns de fotos de quando ele ainda era bebê e acabou encontrando a foto com o avô. “Logo peguei e decidi fazer uma homenagem a ele, ainda em vida. Marcar para sempre em mim aquele exemplo de homem e avô que eu tenho!”, revela. 

A artista da tatuagem é Thais Barros, de 26 anos. Assim que Leonardo enviou o futuro desenho, a profissional amou. “Trocamos inúmeros mensagens e ideias até chegar no projeto final. Sem dúvidas, é a tatuagem que eu mais amo. Nunca me arrependerei dela e ele sempre estará comigo, em todos os momentos da minha vida!”, garante o neto apaixonado. E o Sr. Valdir segue, como Leonardo mesmo disse, “vivo, lindo e maravilhoso”. 

Por que tatuar avós? 1bn36

Tatuar retratos especiais, como avós e netos, começou naturalmente para a tatuadora. “Já existia essa tendência, vi diversos artistas que iro fazendo artes nesse estilo e amei! Comecei a fazer também, sempre tentando dar um pouco do ‘meu estilo’”, explica Thais. 

Para ela, os trabalhos são muito especiais. “É uma forma muito bonita de registrar uma memória, um afeto, um momento da vida das pessoas! Sempre carrega muito mais do que apenas a imagem (…) é uma forma de transformar em ‘eterno’, algo que está no papel ou no digital, que são recursos que arquivam as memórias mas estão sempre sujeitos a estragar, se perder ou acabar”, afirma. 

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“A tatuagem é algo que literalmente você pode carregar consigo pro resto da vida”, completa Thais. 

Outro cliente que também apostou em ter avó eternizada na pele é Nilson Fernandes, de 22 anos. Além da idosa, a mãe também foi registrada. 

“Eu fiz porque elas representam muito para mim. Amor, carinho, humildade”, diz o estudante. Nilson chegou a mostrar para a avó, Maria da Paz Lima, de 88 anos. Segundo ele, ela adorou a homenagem. “Ela achou que ficou bem parecida com ela e bonita”, lembra. 

Já avó de José Alberto Lechuga de Andrade, 29 anos, não gosta de ser fotografada. Porém, em um dia de praia com a família, uma prima do psicólogo a clicou de surpresa. Quando o jovem viu… se apaixonou!

“Achei linda! Bati o olho, foi muito instantâneo, foi muito importante pra mim”, conta José, que logo em seguida pensou na tatuagem, como forma de eternizar o retrato de Jacira Alves dos Santos, de 78 anos. 

Contudo, Thais reforça que tatuagens são artes sérias e não devem ser feitas sem pensar. “Eu deixo bem destacado que minha maior recomendação é não tatuar namorados, namoradas, esposas e maridos, nada nesse sentido”, pontua aos risos.