Sem consenso, tamanho da sigla LGBTQIA+ ainda divide opiniões 665839
Tamanho da sigla que representa o movimento LGBTQIA+ ainda gera discussões acaloradas na internet e dentro do próprio movimento 2a4e6w
A sigla que representa o movimento LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis/Transexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais e demais identidades de gênero) surgiu econômica. Até meados dos anos 2000, ela se resumia a GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes).

Com o ar dos anos, no entanto, novas abreviações foram agregadas ao termo para tentar contemplar a maioria das identidades de gênero. Foi assim que a sigla aumentou para LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis/Transexuais).
Na sequência, ela ganhou o “Q” de queer. O “I” de Intersexuais. E, atualmente, há quem defenda a utilização do termo LGBTQIAPN+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis/Transexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais, Pansexuais, Não-binários e demais identidades de gênero).
Mas a verdade é que não há um consenso sobre qual é ou mesmo se há um limite para essa sopa de letrinhas. Enquanto isso, o ime gera discussões acaloradas entre os que defendem uma sigla mutável e aqueles que acham tantas abreviações um exagero.
O Twitter é o ringue virtual perfeito dessa guerra de opiniões. Cada lado compete com os seus melhores argumentos. Alguns deles, bastante pertinentes.
Muitas pessoas criticam que uma sigla muito grande complica o entendimento.

Mas há também quem defenda que a sigla deve, sim, se adaptar.

O ativista, psicólogo e diretor-presidente da Casa Satine, Leonardo Bastos, explica que o aumento da sigla ao longo dos anos não ocorreu por um mero capricho. Cada letra carrega as especificidades das populações que compõem o movimento LGBTQIA+.
“Nós estamos falando de um movimento que surge de forma mais organizada, a partir da década de 70 chamado exclusivamente de movimento gay em razão dos privilégios que homens gays tinham, mas gerando um apagamento das outras identidades. Ou seja, pessoas travestis e mulheres lésbicas e pessoas bissexuais, por exemplo, não tinham tanta visibilidade dentro do próprio movimento”, pontua Leonardo.
Ainda segundo o psicólogo e ativista, ao longo dos anos foi crescendo a compreensão de que é preciso dar uma identidade específica para cada uma dessas pessoas.
“É importante falar sobre cada cultura porque o o à cidadania e até as formas de violência que cada um desses indivíduos sofrem (homens gays, bissexuais, travestis, mulheres lésbicas, pessoas não-binarias, queers, assexuais) é diferente, não ocorrem da mesma forma. Por isso que é importante a gente reconhecer as especificidades de cada população que está representada dentro dessa grande sigla”, comenta o psicólogo.
Para Leonardo, a resistência da sociedade em entender qual o significado de cada letrinha da sigla LGBTQIA+ é um reflexo da falta de uma discussão ampla sobre o tema. Significados à parte, o que deve prevalecer é o respeito às diferenças.
“Muitas pessoas desconhecem esses termos, não porque são complicados, mas porque elas não têm o aos debates sobre o gênero e sexualidade. Mas, independente de uma pessoa ser heterossexual ou LGBTQIA+ o importante é que ela tenha uma escuta acolhedora e respeite a identidade de gênero de cada pessoa”, pontua.
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Reflexo da diversidade 305b58
O sociólogo professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Tiago Duque, comenta que a adaptação da sigla é o reflexo da diversidade que sempre existiu na sociedade.
“A multiplicação das letrinhas, que são as categorias políticas e identitárias do movimento social da diversidade sexual e das múltiplas identidades de gênero, é pedagógica, nos ensina o quanto às possibilidades corporais, afetivo-sexuais e de gênero são importantes em nosso tempo. Simplificar não combina com a luta por reconhecimento, porque as experiências das pessoas são complexas, e as violências e as vulnerabilidades sociais que elas vivem também”, comenta.
Para o professor é preciso que as pessoas estejam predispostas a assumir que a sociedade é muito mais ampla e diversa do que se imagina.
“A dificuldade de compreensão não tem relação com o tamanho da sigla, mas com a naturalização das próprias identidades binárias, fixas, cisgêneras, heteronormativas dos ditos ‘normais’ e não diferentes. O ideal seria que as pessoas entendessem que as pessoas têm direitos ou precisam conquistar novos direitos, e que quem não está representado pelas letrinhas também é fruto da sociedade, da cultura”, enfatiza.
E você aí, sabe o que significa todas as letrinhas da sigla LGBTQIA+? Confira abaixo. 322y4i
L: Lésbicas – Mulheres que se sentem atraídas afetiva e sexualmente por outras mulheres.
G: Gays – Homens que se sentem atraídos por outros homens.
B: Bissexuais – Bissexuais são pessoas que se relacionam afetiva e sexualmente tanto com homens quanto mulheres.
T: Transexuais, Transgêneros, Travestis – Pessoa que não se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu, ou seja, é alguém que não se sente adequado ao gênero que recebeu no nascimento.
Q: Queer – É um termo da língua inglesa usado para qualquer pessoa que não se encaixe na heterocisnormatividade, ou seja, que não se identifica com o padrão binário de gênero, homem ou mulher.
I: Intersexo – É uma pessoa que nasceu com a genética diferente do XX ou XY e tem a genitália ou sistema reprodutivo fora do sistema binário homem/mulher. Atualmente, são reconhecidas pela ciência pelo menos 40 variações genéticas, dentre elas XXX, XXY, X0, etc. Essa parte da sigla é muito importante para que nós entendamos que corpo físico não define gênero, nem sexualidade.
A: Assexual – É uma pessoas que não sente nenhuma atração sexual por qualquer gênero. Isso não significa que ela não possa ter relacionamentos e sentimentos amorosos e afetivos por outras pessoas.
+: Demais orientações sexuais e identidades de gênero – O símbolo de soma no final da sigla é para que todos compreendam que a diversidade de gênero e sexualidade é fluida e pode mudar a qualquer tempo.