Pau rodado, você já entende o linguajar cuiabano? 2o596j

Você que é pau rodado já consegue conversar em cuiabanês? O sotaque de Cuiabá desperta a curiosidade e rende boas gargalhadas em quem não é natural da capital de Mato Grosso. Com estilo próprio, o povo daqui é acolhedor e se expressa de forma peculiar. O Primeira Página vai mergulhar no universo do linguajar cuiabano, […] 284010

Você que é pau rodado já consegue conversar em cuiabanês? O sotaque de Cuiabá desperta a curiosidade e rende boas gargalhadas em quem não é natural da capital de Mato Grosso. Com estilo próprio, o povo daqui é acolhedor e se expressa de forma peculiar.

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Linguajar cuiabano se funde com diversas influências colonizadoras de MT

O Primeira Página vai mergulhar no universo do linguajar cuiabano, com direito a criação de um dicionário que vai ajudar os “xomanos” a se comunicarem, quando estiverem aqui por essas bandas do Centro-Oeste.

Aclyse Mattos é professor da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), doutor em Comunicação Social, poeta e escritor. Ele explica um pouco de que forma nosso jeito de falar se formou e quais as principais influências na criação desse, quase, dialeto brasileiro.

“A nossa cidade tem uma raiz muito antiga. Foi fundada em um lugar com influência de várias culturas. Os portugueses queriam tomar o lugar dos hispânicos, tinha os indígenas e os escravos que vieram com o ouro. Cuiabá fica longe do litoral e dos grandes centros, foi se criando um modo muito próprio de falar, fundindo essas influências todas”.

O professor explica que o cuiabano, ao escrever, usa a língua padrão, mas no modo de falar “está longe de falar como se escreve”. “É uma variante. Tem palavras de origem indígena, como é o próprio nome da cidade: Cuiabá. Hoje existe essa preservação ainda, porque estamos longe dos grandes centros”, completa.

Para Aclyse, a cultura é feita dos contatos do dia a dia. “A culinária cuiabana é forte, a música é muito forte e o modo como falamos também. Creio que sobreviverá, porque o jeito de falar é um legado cultural, que cria conexões mentais que só nossos conterrâneos têm. Há um afeto, e a por lembranças”.

Xô Dito é um legítimo cuiabano ey6e

Ator cuiabano, Thyago Mourão interpreta diversos personagens, entre eles, o icônico Xô Dito. Um verdadeiro pantaneiro com raízes e valores mato-grossenses. Sua identidade foi inspirada também em Liu Arruda, comediante e músico que difundiu o linguajar cuiabano por meio de personagens como Comadre Nhara, Gladstone, Juca e Ramona. Liu faleceu em 1999 mas deixou um legado imenso à cultura de Cuiabá.

“Liu, para mim, é o grande mestre desse trabalho. Ele que abriu, no peito e na raça, essa retomada do nosso orgulho pela cultura e pelo linguajar de um jeito muito irreverente, espontâneo e criativo. Sem dúvida, foi uma referência pra mim”.

Xô Dito fala ao Primeira Página sobre importância da nossa cultura

Xô Dito nasceu durante um trabalho feito por Thyago na faculdade. Ele é formado em Comunicação pela UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) e desenvolveu, em grupo, um teatro abordando o linguajar cuiabano e a cultura ribeirinha.

“Quando eu estava criando ele, eu não quis que ele navegasse em uma estética muito parecida com o Liu. Porque ele tinha os personagens dele bem demarcados, como a Comadre Nhara que é um pouco mais histérica, boca suja, o Juca é matuto e fala mais para dentro. Então, fui buscar algo diferente”.

Segundo Thyago, Xô Dito é pantaneiro, ribeirinho e, assim como os cuiabanos, tem essa dinâmica mais lenta no falar mas que abrange mais o estado todo. Antes, Xô Dito tinha uma estética mais com o dente sujo, que representava a época que não havia saúde bucal no Pantanal. “Mas eu insisti e fui evoluindo nele (…) Melhorei a estética dele, não precisava ser sujo. Foi um golaço”.

 
 
 
 
 
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Dicionário cuiabanês 69q2m

Reunimos aqui algumas das principais expressões cuiabanas para ajudar os forasteiros a se comunicarem.

  • Ah! Uuum – Expressão que indica indignação, concordância ou não. É aplicada dependendo da situação E a entonação da voz muda.
    Ex: ‘Ah! Uuum. Pára cô isso.”
  • Agora quãndo!? – Interjeição de dúvida.
    Ex: ‘Maria teve três namorados… hummm.. agora quando!?”
  • Agora o quequeesse! – Espanto
    Ex: ‘Agora o quequeesse, mas que cabelo mais tchum tchum…”
  • Aguacêro – Bastante chuva, poças de água.
    Ex: ‘Não deu pra ir lá, tava o maior aguacêro na estrada.”
  • Arroz-de-festa – Denominação de quem não perde nenhuma festa . Está sempre em festa.
    Ex: ‘Ele vai em casamento, batizado, 1ª comunhão, crisma, formatura,.. . é um arroz de festa.”
  • Atarracado (a) – Abraçado, juntos.
    Ex: ‘Os dois tão atarracado ali no escuro.”
  • Até na orêia – Repleto, cheio, demais.
    Ex: ‘Zé Bico comeu tanto peixe, que tá até na orêia.”
  • Bejô, bejô, quem não bejô, não beja mais – Fim da festa.
    Ex: ‘Acabou o baile… bejô, bejô, quem não bejô, não beja mais.”
  • Bocó de fivela – Pessoa boba, burra, ignorante.
    Ex: ‘Por mais que ocê explica, ela não entende, é uma bocó de fivela.”
  • Bonito prô cê – Expressão que indica quando a atitude tomada não foi boa.
    Ex: ‘Chegô em casa bêbado, bonito prô cê.”
  • Catcho – Namoro, paquera, amante.
    Ex: ‘Aquele cara tá de catcho cô Maria.”
  • Cânháem – Latido de cachorro. Expressão usada para discordar.
    Ex: ‘Você namora Maria Taquara? Cânháem.”
  • Cêpo – Bom, ótimo, grande, irável.
    Ex: ‘O atlético Mato-Grossense era um cêpo de time.’
  • Chialá – Espia lá – Olhe lá.
    Ex.: Maria, chialá Mané, cêpo de burro veio fazeno quiném criancinha!
  • Coloiado (a) – Junto, próximo em grupo.
    Ex: ‘Saldanha Derzi tá coloiado cô Garcia Neto.”
  • Cordero (a) – Denominação de quem gosta de dar corda nas pessoas.
    Ex: ‘Não vai no papo dele, ele é cordero.”
  • Corre duro – Andar mais rápido
    Ex: ‘Vamos chegar atrasado vamos, corre duro.”
  • Cotxá – Relação sexual.
    Ex: ‘Os dos devem tá cotxando, tá demorano demás.”
  • Tchá por Deus – Expressão de espanto, iração, dúvida.
    Ex: Tchá por Deus, esse ônibus tá muito cheio. ‘
  • De jápa – Grátis, o que vem a mais.
    Ex: Quando se compra uma dúzia de bananas, e recebe treze unidades. ‘Esse adicional é a de jápa.’
  • Digoreste – Ótimo, bom, exímio.
    Ex: ‘O guri é digoreste pá pega manga.’
  • Ê aaah! – Indagação.
    Ex: ‘Óia o tamanho do short? Ê aaah!’
  • Espia lá – Olha lá, veja.
    Ex: ‘Espia lá, uma batida de carro.”
  • Futxicaiada – Muito fuxico. Excesso de mixirico.
    Ex: ‘O ambiente ali não tá bom, é só futxicaiada. ”
  • Festá – Festar, participar de festa.
    Ex: ‘Maria foi festá.”
  • Foló – Folgado, largo.
    Ex: ‘Maciel usa calça foló.”
  • Garrô – Pegou, começou, realizou.
    Ex: ‘Ele garrô cedo no trabaio.”
  • Grocotchó – Pessoa mole, doente, desanimado.
    Ex: ‘Tchico tá grocotchó.”
  • Jururú – Triste, quieto.
    Ex: Padre Luiz Ghisoni tá jururú na porta da igreja de Várzea Grande.’
  • Leva-e-tráz – fofoqueiro.
    Ex: ‘Kitú é um grande leva-e-tráz.”
  • Londjura – Distância. Longe, muito distante.
    Ex: ‘Nessa lonjura não dá pá ir a pé.”
  • Malemá – Popular de ‘mal e mal’. Mais ou menos.
    Ex: ‘E aí cumpadre como vai? Vou indo malemá tenteano.”
  • Mea orêa – Minha orelha. Expressão usada para indicar quem está sem lado, sem falar o nome da pessoa.
    Ex: ‘Mea orêa aqui, tá a fim do cê.’
  • Micaje – Ato de fazer imitação de alguém, fazer caretas.
    Ex: ‘Ela faz micaje de todo mundo que a por aqui.”
  • Moage – Frescura. Enrolação.
    Ex: ‘Você não quer ir com a gente? Larga de moage!”
  • Na txintxa – Levar uma ação com seriedade. Sob controle.
    Ex: ‘Professora leva a turma na txintxa.”
  • Não tá nem aí pá paçoca – Não liga para nada. Não quer saber das consequências.
    Ex: Tchá Bina, não tá nem aí pá paçoca. ‘
  • Nariz furado – Veio na vontade, veio na certeza.
    Ex: ‘Chegou de nariz furado, certo que iria ganhar na conversa.’
  • Negatófi – Negativo. Não, nunca.
    Ex: ‘Negatófi, hodje não tem televisão.’
  • O quá – Duvidar, não acreditar.
    Ex: ‘Ele vem aqui? O quá!’
  • Pá terra – cair.
    Ex: “Ele vinha correndo, e pá terra”! ‘
  • Pau roda – pessoas que são de outra cidade
    Ex: André é pau rodado. Veio lá de Minas Gerais
  • Podre de chique – Bonito, elegante, bem vestido.
    Ex: ‘Jejé tá podre de chique.”
  • Pongó – Bobo, tolo, idiota.
    Ex: ‘Gente Pongó não serve.’
  • Por essa luz que me alomea – ‘Por essa luz que me ilumina’ Pra dizer que está falando sério, que não está mentindo.
    Ex: ‘Por essa luz que me alomea, ele tá falando a verdade.’
  • Quinco – Denominação carinhosa de Joaquim.
    Ex: ‘Quinco Lobo era vereador em Cuiabá.’
  • Que, que esse? – O que é isso.
    Ex: ‘Que, que esse? Como você apareceu aqui?’
  • Quá! – Expressão de espanto, indignação.
    Ex: ‘Quá! Pode esquecer ele não volta mais.”
  • Quebra-torto – Comer no desjejum comida reforçada como carne com arroz farofa etc
    Ex: ‘No sítio de manhã, sem quebra-torto é impossível.’
  • Rufar – Bater.
    Ex: ‘Se aparecer aqui , o povo rufa ele.’
  • Refestelá – Sorrir, rir.
    Ex: ‘Nico Padero é bom pra refestelá.’
  • Ribuça – Cobrir o corpo com lençol ou cobertor.
    Ex: ’Tá esfriando, ribuça menino.’
  • Rebuça e Chuça – Baile.
    Ex: ‘Na guarita vai tê hoje uma chuça e rebuça.’
  • Rino no tchá cara – Rindo na presença de alguém.
    Ex: ‘Ocê fala, ele fica rino no tchá cara.’ (rindo na sua cara)
  • Sucedeu – Aconteceu.
    Ex: ‘Quando sucedeu isso?’
  • Tá de tchico – Está menstruada.
    Ex: ‘Hoje ela não pode tá de tchico.”
  • Tchá mãe – Expressão características para xingar alguém.
    Ex: ‘Tchá mãe, rapaz, vá tomá na tampa.’
  • Tôma corno(a) – Expressão usada quando alguma coisa não acontece de forma correta.
    Ex: ‘Toma, corno. Marimbondo pegô na cara dele.”
  • Verte água – Urinar (educadamente) .
    Ex: ‘Vidona foi verte água.

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