O sobrenatural no YouTube 6q1z6f
Vídeos de supostos fenômenos divertem e colocam o medo na palma da mão 2m6i4e
Outro dia me deparei com um vídeo no Youtube que me intrigou.
A imagem de capa mostra uma mulher aparentemente bem assustada.
A manga de sua camisa está sendo puxada.

Mas não há ninguém, mão nenhuma aparecendo para justificar o ato.
Ao lado da imagem, as letras em vermelho e branco avisam: Terror Sobrenatural.
O vídeo está dentro do canal Fenômenos-Registrados, um dos milhares com mesmo tema espelhados pelo maior player de vídeos da internet.
“Nosso planeta é repleto de mistérios, desde fenômenos sobrenaturais a eventos que desafiam a lógica comum. Aqui traremos os registros mais intrigantes e assustadores capturados por câmeras mundo afora. Cabe a você decidir acreditar ou não no que seus olhos irão ver. Se você é apenas curioso ou fascinado pelo paranormal, vamos descobrir juntos o que existe além da nossa compreensão?”, é a sábia descrição do canal.
Afinal, em época de inteligência artificial, fica ainda mais difícil acreditar em fenômenos que aparecem em vídeos diante de nossos olhos.
Há problema nisso?
Não!
Afinal, vamos ao cinema, baixamos filmes nos streamings, lemos histórias em livros e em quadrinhos, jogamos videogames sabendo que as histórias ali não am de ficção nascida dentro da cabeça perturbada de alguém que precisa colocar seus monstros interiores para fora.
O Youtube é mais um canal para que essa loucura toda seja espalhada. E de graça (se vc tolerar anúncios, claro!)
O vídeo mencionado, que você pode assistir, clicando aqui, traz quatro casos.
O da mulher da camisa é o primeiro.
Se é verdade ou não, é muito interessante.
Ela mora numa propriedade rural que pertencia a seus avós. Eles tinham vários gatos.
E todos foram enterrados num jardim em frente à casa.
Até aí, nada de bizarro.
Só que no meio das cruzes menores há duas beeem maiores.
Sim, vovô e vovó quiseram ser enterrados com os gatos.
O local virou uma espécie de ímã para situações aterrorizantes.

O cachorro da família vive olhando para o local, parado, observando algo que o olho humano não capta.
Como se não bastasse o cão, vacas do vizinho entram pela porteira e rodeiam o pequeno cemitério com frequência.
E ali ficam, congeladas, velando o invisível.
Aí, certo dia, o cachorro começa a latir sem parar na frente de um armário.
Tudo é narrado no melhor estilo A Bruxa de Blair, no estilo de filmagem chamado de found footage.
A câmera (provavelmente celular) na mão e a narração dos fatos pela pessoa que carrega o aparelho, sempre de forma ofegante para demonstrar a tensão e o medo.
A cena do puxão é realmente bem feita e deixa a gente com uma pulga atrás da orelha.
Será que foi mesmo de verdade?
Será que são os avós?
Será que eles queriam ajudar a moça?
Ou expulsá-la da casa?
Será que tudo não a de armação pra ganhar engajamento?
Assista e tire suas conclusões.
São 11 minutinhos que valem a pena.
No mesmo clipe, outras duas histórias interessantes.
A de uma figura bizarra aparecendo na filmagem de um bombeiro durante o controle de um incêndio e a de uma estátua indígena que se mexe.
A quarta, de brinquedos que são acionados ou se mexem sozinhos, não tem o mesmo impacto das anteriores.
Achei até que dá pra ver que é fake.
Mas brincar com essas coisas nunca é bom.
Melhor não desdenhar.
Vai que é verdade.
Imagino a situação difícil hoje em dia de alguém que realmente consegue gravar um fenômeno paranormal.
Além de escapar ileso do encontro, ainda precisa se virar para que alguém acredite que não armou a situação.
O melhor, por via das dúvidas, é assistir com parcimônia.
E não se envolver tanto com a história ao ponto de não notar possíveis armações.
A quem produz os vídeos, cabe ser cada vez mais convincente.
E prudente.
Uma hora o mal gosta dessa brincadeira e resolve ser protagonista de verdade dos vídeos.
E aí, uma assombração youtuber pode ser muito mais assustadora que qualquer influencer.