Miguel superou três paradas cardíacas e um derrame quando encontrou na família adotiva o amor que merecia h13r

Ana Cláudia adotou Miguel com apenas 40 dias de vida, após ele nascer prematuro e sofrer várias complicações 15j42

Quando Ana Cláudia Fernandez, 52 anos, leu a história da bebê Maria, logo lembrou do seu pequeno “ratinho”. O filho caçula, Miguel, nasceu com 26 semanas de gestação, apenas 1,5 kg e ou um tempo internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Hospital Regional de Campo Grande, após ter tido duas paradas cardíacas e um derrame.

Ana adotou Miguel quando ele tinha apenas 40 dias de vida (Foto: arquivo pessoal)
Ana adotou Miguel quando ele tinha apenas 40 dias de vida (Foto: arquivo pessoal)

“Ele era muito pequeno, parecia um ratinho. Quando a gente foi conversar com a médica que estava de plantão, ela disse, ‘olha, essa criança nasceu de 26 semanas de gestação, o normal é 40. Ele teve uma parada cardiorrespiratória, a segunda parada, um derrame intraventricular nível 3, e o nível máximo é 4, então essa criança vai ter sequela’”, relembra Ana. “Na hora eu respondi, não, não vai”, complementa.  

Enquanto a médica falava, Ana prestava atenção em tudo, mas estava completamente decidida: seria mãe daquela criança. A ansiedade já era grande em casa. O primogênito, Vitor, sempre perguntava quando finalmente o irmão chegaria. Aquele que, infelizmente uma mãe não poderia criar, e então eles assumiram a posição de pai, mãe e irmão mais velho.  

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Foram três longos anos na fila de adoção e quando o telefone tocou avisando que Miguel estava no hospital, naquele momento decisivo em que a alta também significa insegurança, Ana sabia que tinha encontrado o segundo filho.  

“Eu sempre quis adotar uma criança, desde que eu era pequenininha. O pai dele, na época, concordou. Quando conhecemos Miguel no hospital, eu já falei ‘essa criança é minha’, enquanto o pai dele pedia calma, queria ir para casa, conversar, analisar tudo. Como combinamos de fazer juntos, eu aceitei”, frisa. 

Bastou uma noite para que a grande decisão surgisse no coração de ambos. A família saiu do Hospital Regional com Miguel no colo e uma mala repleta de previsões médicas negativas. “Como se já não bastasse todo esse prognóstico horroroso, quando eu estava saindo do hospital, a enfermeira veio correndo com um papel na mão que indicava que talvez ele teria algo no fígado, precisava de exames e talvez operar. Mas, para operar o fígado não pode ter mais de 50 dias de vida e ele tinha 45”, relembra.

Foi uma verdadeira bateria de exames. “Isso ele estava com 1,650kg. Levamos para fazer o ultrassom e não deu em nada. Ele foi ando, de exame em exame, sem ter nada. Quando foi fazer o exame no olho, descobriu um descolamento da retina. A médica já queria operar, eu neguei. Ele não tinha nem 2kg”, comenta.  

E “Ah”, relembra ela. “Ainda teve um Réveillon no hospital. Ele saiu no dia 15 de dezembro, no dia 26 ele teve a terceira parada cardiorrespiratória na minha mão. Tinha dez dias que ele estava com a gente. Como eu sou profissional da saúde, fiz a massagem cardíaca. Ficamos dez dias na UTI e três no quarto. ei o Réveillon de 2011 com ele. Ninguém sabe o que houve, tomou antibiótico e voltou para casa. Depois, nunca mais”, frisa.

Ana Cláudia não tem medo de falar o que pensa, principalmente se for para defender o filho. Foi assim, de médico em médico, que ela conseguiu o aval para seguir com o tratamento dele de uma forma menos invasiva e cada vez mais próxima da liberdade com que ela tinha criado o mais velho, correndo, sem frescura e com direito a alimentação saudável. A retina colou sem operar, os movimentos foram preservados e para ajudar no desenvolvimento de neurônios, ela ouviu dizer que música clássica ajudava. “Colocava ele para ouvir 6 horas por dia”. 

Mesmo que Miguel quisesse uma vida tranquila, não seria possível com a ansiedade de Vitor, o irmão mais velho. “No dia que cheguei com ele do hospital, o desci da cadeirinha, na qual ele sumia de tão pequeno, coloquei no colo do Victor e ele saiu correndo pela casa – eu correndo atrás dele – com Miguel no colo gritando ‘meu irmão chegou’”, ri.  

Segundo ela, Vitor que hoje tem 16 anos, sempre foi apaixonado pelo irmão. “Ele é carinhoso, Miguel que é meio fresco e os dois acabam se encrespando. Coisa de irmão”, conta.

Ana sabe que teve muita sorte, mas jamais pensou em outro destino, mesmo que os diagnósticos estivessem corretos. “Ele poderia ter tido tudo, mas não teve nada, não dá para saber se foi o tratamento ou não”, conta. 

O que ela sabe é que o amor brota onde quer. “Sempre me perguntam se existe diferença no amor, não tem, se tiver é até para mais. Ficamos um tempão com medo de alguém tirar ele da gente, porque a guarda definitiva demora. Fiquei mais de um ano com a provisória até a assistente social concordar que está tudo ok”, ressalta. 

Hoje, Miguel tem dez anos e tem uma saúde perfeita, além de muito amor ao lado da mãe, do padrasto, do irmão, do irmãozinho mais novo – enteado de Ana Cláudia -, e do pai, que continua muito presente.  

No registro (de cima para baixo e da esquerda para a direita), Thiago, padrasto de Miguel, Ana, Vitor, Heitor e Miguel (Foto: Arquivo Pessoal)
No registro (de cima para baixo e da esquerda para a direita), Thiago, padrasto de Miguel, Ana, Vitor, Heitor e Miguel (Foto: Arquivo Pessoal)

Na simplicidade perfeita das crianças, ao ser questionado qual conselho daria para as famílias que estão em dúvida sobre adotar ou não uma criança que precisa de cuidados especiais, ele é enfático. “Se uma criança que precisa de uma família está doente, basta levá-la ao médico e ao hospital até que ela se recupere. Vale a pena adotar. Muito”, diz.  

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Miguel tem razão. Maria precisa de alguns cuidados especiais, mas merece recebê-los com o apoio de alguém que a ame muito. Ela tem pouco mais de 40 dias, está internada no Hospital Universitário de Campo Grande e a justiça busca uma família disposta a adotá-la ou apadrinhá-la, após a mãe falecer no parto.  

Em entrevista ao Primeira Página, o juiz Maurício Cleber Miglioranzi Santos, explicou que até esta terça-feira (17), “infelizmente não logramos identificar até o momento casais habilitados a nível nacional/internacional com disposição em acolher a pequena Maria, de modo que continuamos com a busca ativa”.  

Saiba mais sobre a história de Maria clicando aqui.  

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Comentários (1) 3kf3p

  • Odete Matheus

    Ótima matéria,relevante e com certeza ajudará muitas famílias a repensar na adoção independente de qualquer limitação ou dificuldade. Parabéns a família que contou sua experiência com muito amor e alegria

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