Médico de Cuiabá faz relato emocionante após atender criança com Down 641g1c
Prepare o lencinho! O estudante de medicina Bruno Valadares, da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), fez um relato em seu Instagram que viralizou nesta sexta-feira (28).
Em um longo texto, recheado de emoção, ele conta uma experiência vivida como interno de pediatria enquanto fazia o atendimento a uma mãe com uma criança portadora de Síndrome de Down.
Bruno tem uma irmã, Isabella, de 32 anos, com a mesma síndrome e disse que vivenciou na pele a falta de capacidade de alguns médicos na orientação às famílias com pessoas com deficiência. Segundo ele, sua escolha pela medicina foi influenciada pela condição da irmã.

Seu relato está repercutindo em diversos veículos de comunicação nacional, e vem ganhando as redes sociais. A postagem original centenas de curtidas e comentários, a maioria emocionado.
“Ontem no ambulatório de pediatria geral, pela primeira vez, fiz uma das coisas que me impulsionaram a escolher o curso de medicina. A minha mãe sempre contou o quanto foi mal tratada quando descobriu que minha irmã tinha Síndrome de Down. Depois de fazer uma viagem para a consulta, o médico disse: ‘Me desculpe, mas sua filha é mongolóide e não espere nada dela. Você vai ter que cuidar pro resto da vida’. Praticamente disse que ela era um estorvo. Não explicou sua condição genética e muito menos a evolução da deficiência. Não abriu espaço para perguntas ou até mesmo desabafos”, diz ele.
O estudante continua contando que chegou a ele um bebê de cinco meses com o fenótipo típico de Down e com um cariótipo lacrado (exame que conta a quantidade de cromossomos e mostra um diagnóstico visual e definitivo de SD).
“ [A mãe] extremamente apreensiva, me entregou o documento e falou: “Doutor, vim ter certeza se meu filho tem Síndrome de Down”. Chorou”.
Bebê com Down 43o2r
Bruno, então, detalha seus sentimentos diante de uma situação que se parecia muito com a qual sua mãe havia ado anos atrás. O sentimento de dor, medo e angústia daquela mãe com um bebê no colo era o mesmo que um dia faz sua família chorar, quase sem esperanças.
“Naquele momento toda a história da minha mãe foi remontada na minha frente. Dessa vez, eu estava lá, ocupando o lugar do malfadado médico que atendera ela. Senti uma sensação estranha, medo de errar, gerar traumas. Respirei fundo e dei o melhor de mim. Das grandes dúvidas, a mãe no meu ambulatório pensava que a culpa da deficiência era dela, esclareci que era algo espontâneo e aleatório”, disse.

Medo do futuro 1u323s
Sem informações, muitos pais de filhos especiais têm medo do futuro, e não foi diferente com a família de Bruno à época. Dessa vez, contudo, o estudante de medicina decidiu que faria a diferença na vida daquele núcleo familiar.
“(…) disse o quanto eles são amorosos, carinhosos, parceiros e principalmente autônomos. Estimulados, se casam, estudam, trabalham, fazem faculdade, têm uma vida plena. Ela tirou todas as dúvidas e depois chorou aliviada. Eu, claro, chorei junto. Mostrei foto da minha irmã que hoje tem 32 anos e é o amor das nossas vidas. Falei de algumas experiências enquanto irmão, ora cuidador e por sempre familiar. Para o resto da minha família foi e é um grande exercício de empatia, amor, solidariedade e principalmente humanidade”, completou.
O texto de Bruno segue relembrando o ado e, ao mesmo tempo, mostra a força de amor e nos ensina que as limitações, muitas vezes, podem ser vencidas com esforço, carinho e dedicação. Foi o caso de Isabella que, com e familiar, pode desfrutar de uma vida plena e feliz.
“A mãe junto ao bebê foi embora detendo todas as informações dadas com carinho e de maneira calorosa, diferente da minha mãe que à época pegou um ônibus para viajar de volta a nossa cidade, olhando e sentindo luto por todas a expectativas que criara na gestação, expectativas essas arrancadas da pior maneira possível – algo morreu, deixou de existir”, relata.
O médico finaliza o relato de forma emocionante.
“Contudo, sentada na poltrona do ônibus segurando sua filha prestes a voltar da consulta, outra coisa nasceu e triunfou, um grande amor. Nos contou que, nesse momento chorou, a ficha havia caído, e finalmente murmurou para minha irmã, a abraçando: “não importa onde você vai chegar, vou te proteger, te amar e cuidar de você sem medida”. Embora não soubesse com completude tudo que ocorria com a bebê, o ato mais solene e puro de amor se manifestou naquele lugar, transcendendo já uma vida inteira”.
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Comentários (1) 3kf3p
Emocionante! Parabéns ao médico e a família do bebê! Eu tenho um irmão de 56 anos com paralisia cerebral de nascença e sei como é complicado os olhares, opinião e preconceito das pessoas! Mas tenha certeza, deles vêm o mais puro e verdadeiro amor mais forte e real do que vemos por ai!