Mãe e filha dividem cabine e história no transporte ferroviário de MT 4f6634
Alzineide Vaz inspirou a filha Karen a seguir pelos mesmos trilhos e romper barreiras em um setor majoritariamente masculino. 5p2z5t
Nos trilhos que cortam Mato Grosso com grãos, entre o som grave das locomotivas, uma história de mãe e filha vai muito além da força mecânica do trem. É uma história feita de afeto, luta e inspiração — vivida por duas mulheres que aprenderam a conduzir não apenas vagões, mas também sonhos e legados.

Na cabine de ferro que atravessa o trajeto entre Rondonópolis e Alto Araguaia, hoje é Karen Vaz, de 32 anos, quem segura os controles da locomotiva. Mas foi sua mãe, Alzineide Vaz, quem primeiro abriu esse caminho.
Alzineide foi a primeira mulher a conduzir um trem nesse trecho — e, algum tempo depois, vê a filha se tornar a segunda ocupando a mesma função.
Neste Dia das Mães, Alzineide Vaz e Karen Vaz não celebram apenas a maternidade — celebram a força de quem ousou sonhar e romper barreiras. Em meio ao barulho da locomotiva e ao calor do cerrado, mãe e filha seguem juntas, conduzindo não só cargas, mas iração e afeto uma pela outra.
“Tenho muito orgulho da minha mãe porque não foi fácil quando ela entrou na companhia. As mulheres ainda não faziam parte desse trecho, e ela, com muita força e perseverança, conseguiu se tornar a primeira mulher maquinista de Alto Araguaia. Vendo tudo o que ela enfrentou, eu fui atrás do meu sonho e hoje estou aqui”, contou Karen, ao Primeira Página.

Há 3 anos, Karen segue pelos mesmos trilhos que a mãe percorreu — carregando toneladas de soja, farelo e milho, mas também carregando uma história que emociona.
Cada estação, cada apito, carrega em si a memória de uma mulher que enfrentou uma profissão ainda dominada por homens, e de outra que decidiu continuar esse legado com a mesma coragem. Para ela, é gratificante ter a mãe no mesmo ambiente de trabalho, principalmente, pela espaço que conquistou. Veja o vídeo abaixo de Karen Vaz para a mãe.
(Vídeo: Reprodução)
Elas moram em Alto Araguaia, onde fica a sede de maquinista. Além do trecho Alto Araguaia a Rondonópolis, elas também fazem o trecho de Alto Araguaia e Chapadão do Sul (MS).
Do outro lado, Alzineide não esconde o orgulho que sente da filha. Para ela, ver Karen assumir a locomotiva é como ver o tempo se transformando, dando lugar a mais igualdade e reconhecimento.
“A gente procura sempre estar unida. Eu sou muito grata e muito feliz pelo sucesso dela. Ela acabou de ser liberada recentemente e está batalhando pelo espaço dela. Fico feliz por nós, mulheres, estarmos conquistando nosso lugar. É isso que sempre digo para ela: ‘Você é capaz. Nós somos capazes’.”