Julgue menos, entenda mais: programa Pense Nisso propõe um reflexão sobre atitudes 6r1422
A lição aqui não é justificar toda ação pelo seu motivo, mas lembrar que nossa capacidade de julgamento é limitada c1p23
Em uma pacata aldeia do Líbano, vivia um médico conhecido por sua sabedoria e generosidade. Rico e de bom coração, ele atendia gratuitamente todos os que o procuravam — muitos, inclusive, vinham de longe apenas para serem cuidados por ele.
A rotina do médico era tranquila, marcada por um hábito simples e afetuoso: todas as noites, sentava-se na varanda de casa acompanhado de sua gata. A felina, discreta e educada, fazia-lhe companhia até a hora de dormir. Quando sentia fome, ia até a porta da cozinha e miava pacientemente até que o cozinheiro lhe servisse sua refeição.

Certo dia, algo mudou. A gata, em vez de miar, invadiu a cozinha, subiu na pia e roubou um pedaço de carne que estava sendo preparado. O cozinheiro a flagrou no ato e, furioso com a atitude, a enxotou com uma vassoura. Naquela noite, a gata não apareceu na varanda. O médico, estranhando sua ausência, preocupou-se e mobilizou seus empregados para procurá-la.
Ao saber do ocorrido, o cozinheiro relatou o episódio da carne. Pouco tempo depois, um dos empregados retornou dizendo ter encontrado a gata. O médico foi ao local e viu a cena que esclareceu tudo: a felina havia tido filhotes, e eles estavam começando a se alimentar. O roubo da carne, portanto, não fora por instinto ou desobediência, mas por amor e necessidade.
Compreendendo a situação, o médico conversou com o cozinheiro e explicou: a gata não deveria ter sido julgada ou punida por um gesto de cuidado materno. “Qualquer mãe, para atender às necessidades dos filhos, pode tomar atitudes extremas”, disse ele.
Essa história nos convida a refletir sobre o peso dos julgamentos precipitados. O cozinheiro reagiu com base no que viu, sem entender o porquê. E, infelizmente, é o que muitos de nós fazemos todos os dias: interpretamos comportamentos alheios sem conhecer os motivos por trás deles.
A lição aqui não é justificar toda ação pelo seu motivo, mas lembrar que nossa capacidade de julgamento é limitada — e, muitas vezes, equivocada. Quantas vezes já nos arrependemos por julgar alguém antes de conhecer sua história?