Jornalista viraliza ao falar sobre a invisibilidade da mulher, tema da redação do Enem 42554l
Quantas mulheres são responsáveis pela istração de casa e só são lembradas quando ficam doentes? ou quando saem de cena? Vídeo da jornalista Jaqueline Naujorks viralizou nas redes sociais 1f2q1c
O tema da redação do Enem 2023 (Exame Nacional do Ensino Médio) que abordou a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher, pegou muita gente de surpresa, mas nem todos. A jornalista da TV Centro América e colunista do Primeira Página, Jaqueline Naujorks, já havia falado sobre o tema nas próprias redes sociais e celebrou a abordagem que, com certeza, fez muita gente refletir.
Com a repercussão do assunto, que reflete a realidade de grande parte dos lares brasileiros, Jaqueline divulgou um novo vídeo nessa segunda-feira (6) e em menos de 24h, a publicação já reúne mais de 1,5 milhões de visualizações no TikTok.
“O trabalho doméstico é o mais pesado e por dois motivos. Primeiro, ele nunca acaba, e segundo, porque o cuidado doméstico é uma herança da mulher. Se você nasce mulher, nasce com a incumbência de cuidar”, diz trecho do vídeo.
Ela faz o almoço, limpa a casa, lava a louça, deixa e busca o filho na escola, sem contar nas vezes em que ela sabe de cor tudo que precisa ser comprado no mercado, para não faltar no dia seguinte. Quantas mulheres são responsáveis pela istração de casa e só são lembradas quando ficam doentes, ou quando saem de cena?
“Os adolescentes estavam preparados para qualquer pauta humanitária do mundo, menos a que acontece dentro da casa deles. Estavam preparados para olhar para qualquer realidade difícil, menos a da própria mãe, da própria avó, da própria mulher que ajusta a engenharia doméstica para que ele possa ser apenas um estudante”, destaca Jaqueline. (Confira áudio abaixo)
Ao colocar o jovem de frente com a própria realidade, vemos a reafirmação do tema em sua forma mais prática, nua e crua. O quão difícil é falar, e consequentemente reconhecer, que até o mais desconstruído ser humano, não reconhece os esforços daquela que o acompanha desde muito pequeno?

“Eu fiz esse recorte e achei que seria muito importante porque sabia que ele gerou muita dúvida, tanto em quem teve que escrever, pensar e refletir a respeito, quanto principalmente pelas mulheres que estão no centro dessa discussão e eu queria, de alguma maneira, das voz a essas mulheres. Pensei ‘o que minha mãe gostaria de dizer?'”, conta a jornalista. (Veja um trecho da entrevista no áudio abaixo)
Crescida em um lar rodeado de mulheres, Jaqueline e suas duas irmãs foram criadas apenas pela mãe, por isso também a propriedade para falar sobre o tema, e a repercussão do vídeo publicado por ela evidencia que muitas mulheres se sentiram ouvidas.
“Eu me enxerguei em cada palavra e a vontade que eu tive, foi mandar pra cada um da família!”, disse uma seguidora na postagem.
“Esse trabalho é o primeiro e o último turno do dia. No meio desses turnos tem o ‘trabalhar fora de casa’, a vida de mulher só deve ter mais valorização. Muitos o reconhecem depois que ela se vai”, outra desabafa.
Além de 1,4 milhões de visualizações em 24h, o vídeo foi compartilhado mais de 33 mil vezes. Isso sem somar as outras redes sociais, porque aí o número é ainda maior.
“Conversar com gerações que não refletem sobre essa necessidade e que já estão crescendo com uma outra cabeça a entender ‘só estou aqui porque existe uma mulher que me colocou no mundo, me alimentou, cuidou de mim e que promove uma engenharia doméstica pra que eu possa ter a minha vida.
Olhar pra esse laço afetivo de maneira a não entender que essa mãe não ‘faz mais que a obrigação’, achei que foi um entendimento muito inteligente de colocar essa discussão em pauta”, reforça Jaqueline.
O assunto vai ser tema da coluna “Não Sou Obrigada”, desta quarta-feira (8). Não deixe de acompanhar o portal para conferir.