Do autismo a mudança de vida: mães solo se desdobram por amor 6476k
Mulheres que criam os filhos sozinhas falam sobre os desafios e as alegrias da maternidade 5o6l4h
Elas até fizeram planos, mas tiveram de aprender a lidar sozinhas com todas as mudanças trazidas pela maternidade. São as “mães solo” que enfrentam muitos desafios, mas não deixam de ser recompensadas, seja por acompanhar o desenvolvimento do filho desacreditado pelos médicos ou por ouvir as expressões de amor de uma filha que nasceu quando a mãe pensava em mudar de cidade.

Helen Felizardo realizou o sonho de ser mãe aos 33 anos, mas, o roteiro não foi como ela imaginava. Com apenas 1 ano e seis meses, João Pedro recebeu o primeiro diagnóstico, o de paralisia cerebral. Alguns anos depois, o segundo chegou, o de TEA (Transtorno do Espectro Autista). “Eu tive que sair do meu emprego para assumir totalmente o João”, afirma.
Formada em istração, ela saiu da empresa onde trabalhava para se dedicar exclusivamente ao filho e se desdobra para dar conta das terapias e da escola do adolescente.
A renda da família agora vem do bazar que ela organiza com empreendedores parceiros. “São somente roupas femininas novas e seminovas, amigas que têm lojas, e são esses parceiros que nos doam roupas e estamos vivendo”, frisa.
Helen comenta que além dessas questões ainda tem de lidar com a rejeição e o preconceito. “Infelizmente há isso em nosso meio”, diz, revelando as preocupações com o filho.
“Eu quero que Deus dê a mim forças e saúde para cuidar do João Pedro porque se eu for primeiro quem é que vai cuidar do João? Quem vai ficar com ele ? Como vai ser o futuro dele sem mim ? Então eu peço que Deus me dê forças todos os dias para que eu possa cuidar do João”.
E os cuidados que ela teve até o momento deram muito resultado. “Os médicos falaram: ‘mãe, ele não vai andar, não vai falar’. Hoje poder contemplar esse milagre de ver ele evoluindo nesses 14 anos, isso é muito compensador. Eu faria tudo de novo pelo meu filho. Faria tudo de novo e faço o que for preciso”, disse.

“Ela é extraordinária e eu amo ser mãe dela” 705l2f
Quem também diz fazer de tudo pela filha Maria Vitória, de 5 anos, é a assistente jurídica e micro-empresária Monik Pissurno, de 30 anos. Ela tinha acabado de pedir demissão e, com as agens compradas, estava prestes a mudar de cidade quando descobriu a gravidez. “E aí tudo mudou”.
Sem o auxílio do pai da criança, durante a gestação ela sobreviveu do seguro-desemprego e salário-maternidade até o nascimento de Maria. Após o nascimento da pequena, Monik decidiu abrir um bar no bairro Coophavila, onde só começava a trabalhar depois que a menina dormia.
Quando Maria completou 6 meses, Monik decidiu voltar a trabalhar na área de sua formação, o Direito. Começou a atuar em um cartório no período da manhã e no bar à noite, chegava em casa por volta de 23h30.
“Se mãe já sente culpa, mãe solo sente o dobro”, diz.
Esta culpa pesou mais quando ela chegou em casa durante uma noite e a filha virou as costas para ela. Decidiu pedir demissão do cartório e ar mais tempo com Maria. Não se arrependeu.
Dormia com ela, acordava com ela, almoçava com ela. Aproveitei a infância dela. Maria está mais “independente”, com horário para ginástica, natação e escola. Monik faz questão de levar e buscar a pequena em tudo.
“A dica que eu dou para as mães é: não esperem encontrar uma pessoa para aproveitar a vida do seu filho. Nós fazemos excursões sozinhas, viajamos para Gramado sozinhas. A Maria tem uma mãe que se vira nos 30 para tentar suprir ela de qualquer coisa. Ela é extraordinária e eu amo ser mãe dela”.