E eu nem queria ser mãe 3b6r62

Coração de mãe sempre cabe mais um, por isso estamos infartando 5f5kg

Conquistamos muitas coisas, mas ainda arcamos com aquilo que deveria ser coletivo sob o pretexto de que somos nós que temos tal habilidade. 1q4f64

Peço licença poética para incluir nesta equação mulheres que não são literalmente mães. Digo literalmente porque, na prática, todas nós, sem exceção, exercemos o papel materno desde que nos entendemos por gente.

colunabebes

Não falo no sentido bonito não. Mas sim na ideia perpetuada pelo patriarcado de que mulheres têm instinto materno, portanto cabe elas o zelar, independente do que seja: casa, família, filhos, companheiros, pais, amigos, trabalho.

Sob a máxima do “coração de mãe sempre cabe mais um”, nos enfiam goela abaixo a tarefa de cuidar, sob penalidade do rótulo de “triste, louca ou má” caso nos recusemos a seguir tal receita cultural.

Assim, com o coração explodindo de responsabilidade, temos infartado cada vez mais cedo. Esse dado não é fonte “vozes da minha cabeça”.

Pesquisa divulgada em junho deste ano mostrou que em quase três décadas o número de mulheres que infartaram entre 15 e 49 anos cresceu 62%.

O período levado em consideração pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) abrangeu de 1990 a 2019. Na faixa entre 50 e 69 anos o cenário é ainda mais agravante, com elevação de 176% nos casos de mulheres infartadas.

A pesquisa aponta que entre os motivos estão o sedentarismo e o estresse, entre outros fatores de risco.

Aí eu te pergunto: numa sociedade em que cabe à mulher todas as tarefas relacionadas ao cuidado, além de trabalhar fora, manter a vida social e a saúde mental, como não cair no sedentarismo e no alto nível de estresse?

A nossa independência nos custa. Conquistamos muitas coisas, mas ainda arcamos com aquilo que deveria ser coletivo sob o pretexto de que somos nós que temos tal habilidade.

Ouvimos a torto e a direito que quem quis trabalhar fora foi a mulher, mas, venhamos e convenhamos, nos dias atuais o salário feminino é determinante para fechar as contas no final do mês.

Isso quando a labuta dela não é a única mantenedora da casa. Me diga aí quantas mulheres você conhece que trabalham o dia todo e na única folga que têm na semana se dedicam à limpeza da casa e organização da rotina para a semana que vai começar?

Por mais “igualitário” que o esquema seja em casa. Quando há filhos na história então, a coisa descamba de uma vez. Como olhar pra si?

Existe nome para isso, viu? Economia do cuidado! Que nada mais quer dizer: trabalho de cuidado não remunerado. No Brasil são 54 milhões de pessoas nesta função invisível, sendo 85% mulheres, segundo dados do PNADC (Pesquisa Nacional de Amostra Contínua de Domicílios).

No mundo esse número salta para 606 milhões, conforme a OIT (Organização Nacional do Trabalho). O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou em agosto ado que, no ano de 2022, mulheres se dedicaram quase dez horas a mais por semana nos afazeres de casa do que os homens.

Levando em consideração, pasmem, meninas a partir de 14 anos que se dedicam aos próprios lares, além de também dispensar cuidados em casas de familiares e conhecidos, sem absolutamente nada em troca.

Bem, acho que está mais que desenhado, né? Para além de dados, tenho absoluta certeza de que se olhar para dentro da sua casa ou nas casas do seu convívio a realidade é esta.

Tarefas, sobrecarga, distribuição desigual quando o assunto é cuidar, essa é a combinação que está nos descomando o coração. O instinto materno, quando forçado, está nos matando literalmente, seja mãe ou não.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista E eu nem queria ser mãe, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

Comentários (1) 3kf3p

  • Jane Bassetto

    Como sempre Jéssica arrasando nas matérias.
    Parabéns sucesso sempre…

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