Conheça Poãn, a filha de pajé que se tornou médica em MT e4651

Poãn se formou em setembro de 2021 e atualmente trabalha na estratégia de saúde da família, o famoso postinho de saúde, em Rondonópolis. 283u34

Cuidar das pessoas foi algo que Poãn Trumai Kaiabi aprendeu com a mãe, Tariwaki Kaiabi Suia. A médica de 32 anos conta que a mãe é pajé e sua inspiração de vida. O sonho de Poãn era seguir os os dela, mas o destino a levou a ser médica.  

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Foto: Arquivo pessoal

“Ela cura seus pacientes com o dom que adquiriu desde muito cedo. Desde criança iro o trabalho que ela desempenha na comunidade. Eu tinha o desejo de ser pajé como ela, para cuidar das pessoas, mas isso não se tornou realidade, porque não somos nós que escolhemos este caminho”. 

Mas, se tornar médica não foi algo fácil. Para conseguir concluir os estudos, Poãn precisou sair de sua aldeia, no Parque Nacional do Xingu. A fase não foi fácil e ela diz que chegou a voltar para casa, por conta da saudade.  

“Alguns anos atrás o ensino que tínhamos na aldeia era até a 5° série. Quem quisesse continuar os estudos tinha que ir para a cidade mais próxima. Hoje em dia, em alguns polos bases do Xingu, já temos o Ensino Médio completo, o que na minha época não tinha”, lembra. 

Em 2005 ela começou a fazer um curso de formação para agentes indígenas de saúde. Ela diz que o curso abriu muitas portas para que ela e outros jovens pudessem avançar nos estudos e melhorar a atuação nas aldeias.  

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Foto: Arquivo pessoal

“Nesse período de formação realizamos várias atividades de campo que tínhamos que buscar conhecimentos tradicionais, trazendo esses conhecimentos para o nosso dia a dia no atendimento, porque as parteiras, raizeiros, rezadores e pajés também fazem parte do processo de cuidado e cura de um paciente. Isso foi um dos maiores conhecimentos adquiridos que eu pretendo levar adiante”. 

A aprovação no curso de medicina veio em 2014 por meio de um programa específico e diferenciado para os povos indígenas, o Proind, na UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), campus de Rondonópolis. 

“Me surpreendi quando fui aprovada. Foi um momento de muita emoção, uma grande conquista tanto para mim quanto para os povos indígenas do Xingu. Hoje sou médica graças a este programa, que acreditou e fez com que vários indígenas pudessem chegar ao ensino superior”.  

Na universidade, ela também precisou vencer muitos obstáculos para concluir o curso. Poãn teve que ficar alguns meses longe do filho e lembra que isso a fez pensar em desistir várias vezes. Além disso, ou por dificuldades financeiras e de adaptação.  

“Ao mesmo tempo que estava feliz com minha conquista também estava triste, porque minha família estava ando por muitas dificuldades, mas o desejo de me formar e voltar para trabalhar com meu povo é algo que sempre me deu forças para continuar”. 

Poãn se formou em setembro de 2021 e atualmente trabalha na estratégia de saúde da família, o famoso postinho de saúde, em Rondonópolis.  

“Enfrentei uma luta que não é só minha, mas de todos os indígenas que buscam uma formação superior, pois a discriminação ainda é muito grande e muitas vezes sofremos isso de professores ou colegas, mas nada disso me impediu de seguir em frente, porque eu também conheci professores e colegas maravilhosos que me estenderam a mão e tiveram a paciência de me ensinar”.  

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