Coincidência: "Dino" que acalmou criança tem filha autista 6k3v42
Márcio, como gosta de ser chamado, é uma pessoa simples e há quase um ano vive o Dino, mascote de uma loja de roupas infantis na Capital; no sábado ele conheceu Théo e encantou MS 1y3671
Quem assistiu a caminhada amigável entre Dino, o dinossauro simpático que encanta no centro de Campo Grande e o pequeno Théo, de 6 anos, não imagina a história de vida por trás da calma e da animação em conversar com as crianças. A fantasia gigante esconde Leivison Marcelino Borba, de 38 anos, pai de seis filhos, entre eles uma menina de 3 anos que também é autista.

Márcio, como gosta de ser chamado, é uma pessoa simples e há quase um ano vive o Dino, mascote de uma loja de roupas infantis na Capital. O convite veio depois que ele defendeu uma das vendedoras da loja das importunações de um homem bêbado. Ele vendia limpadores de carros nas ruas, mas ganhou a confiança das funcionárias com a atitude e agora, veste a fantasia aos sábados.
“As crianças ficam enlouquecidas com ele. Tem criança que vem aqui todo sábado só para ver o Dino. As pessoas param na rua e ele vai até lá”, contou Gisele Andrade, de 33 anos, a vendedora que foi “salva” por Márcio.
Longe do trabalho, o animador é pai de seis filhos; quatro de outro casamento e dois com a atual esposa. Entre os pequenos, está Maria Elisa de 3 anos e 7 meses, que assim como Théo, é autista. “Eu tenho 6 filhos e com esses a gente aprende a amar não só os nossos, mas os próximos também, independente se é autista ou não autista”.

Em casa, Márcio descobriu o autismo da filha observando o comportamento dela. “A gente descobriu que ela era autista pelos sinais que fazia, eram repetitivos, ficava rodeando os dedos em volta do círculo”, contou. Percebeu que aquilo era um sintoma do transtorno quando leu o livro de vacinação da menina, depois disso, tentou consulta para confirmar o diagnóstico
Hoje Márcio trata Maria em casa. Aos 3 anos, ela fala pouco e só o pai e a mãe entendem o que realmente quer dizer. “A criança autista é totalmente diferente das outras crianças. Não é você que escolhe. Ela que te escolhe. Você pode tentar fazer de tudo para uma criança autista, ela não vai querer. Ela quer o simples, o verdadeiro, o amor e o puro”.
Foi assim com Theo. “Só vi ele chorando e pensei: vou alegrar essa criança”. Veja aqui como foi.

“Abracei ele, amei ele, ofereci pipa, porque pipa a gente tinha ali na loja para dar para ele, mas ele não quis. Eu falei: já que você não vai parar de chorar eu vou andar com você. Peguei de mão dada, saí andando com ele e a mãe e a avó falaram que era aniversário dele. Nós cantamos parabéns para ele….Ficou todo mundo feliz”.
Para Márcio, o que importa mesmo é fazer a alegria das crianças, por isso, se dedica tanto. “Fazer a alegria de uma criança é tão simples. Um pacote de bolacha, de bala, que você dá pra eles, todo mundo fica feliz. Se você puder ajudar uma, duas, três, ajuda. Se não puder ajudar não atrapalha”, pede Márcio.
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Márcio ainda tem dois empregos. Durante a semana, trabalha como operador de máquinas na Prefeitura de Campo Grande. Nos sábados, começa cedo – às 7 horas – como vendedor de ruas, às 9h40, assume a pele de Dino.
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“O Dino não é feito para crianças. O Dino é feito para todos. Garanto que até você não tinha visto um dinossauro falante”, brinca Márcio.
Segundo ele, a rotina no fim de semana é marcada por gritos animados e muito amor. “Muitos am lá, muitos correm, a maioria já vai gritando Dino, Dino, Dino. As crianças que estão dentro do carro e vou lá e abraço elas, dou tchau. O que tiver de fazer de amor de pai para filho eu vou tentar fazer de Dino para as crianças, mas não só as crianças, porque todo mundo é envolvido. O amor de Dino é para todo mundo”.