Ativista produz bonecas indígenas como forma de incentivar a representatividade 6a3c3g

Em meio a notícias de violência, ameaças e atentados contra os indígenas em Mato Grosso do Sul, as bonecas criadas por We’e’ena Tikuna são sinônimo de representatividade e resistência. Originária da tribo Tikuna, nativa do Alto Solimões, no Amazonas, a artista plástica é também nutricionista e designer de moda, além ativista da causa indígena brasileira dentro e fora do universo digital.

Em entrevista ao Primeira Página (a redação ficou encantada com as bonecas!), a indígena conta um pouco mais sobre as bonecas de tecido que criou e que pretende levar para todo Brasil. Vale ressaltar que, só aqui em Mato Grosso do Sul, existem mais de 80 mil indígenas, de acordo com com dados do Secic MS (Secretaria de Estado de Cidadania e Culura) .

A personagem fala também sobre representatividade e visibilidade cultural.

Bonecas We’e’na Tikuna 1v215w

A ideia surgiu em 2019, após um desfile no Brasil Eco Fashion Week, em São Paulo. Na ocasião, a artesã notou que não havia moda com características indígenas e, principalmente, produzidas por indígenas. Nesse momento, ela teve a ideia de levar a história do nosso povo de forma lúdica para as crianças.

“Surgiu como forma educativa para chegar até as pessoas, principalmente as crianças. Porque muitas vezes fui convidada para dar palestras em escolas públicas e notei que as elas tinham uma visão distorcida da cultura indígena, onde o índio mata e era mal. Essa visão a para adolescência, vida adulta e leva ao preconceito”, explicou.

Não é apenas um pedacinho de pano 6q463t

As bonecas We’e’na Tikuna são fabricadas com tecido 100% algodão, antialérgicas, veganas e possuem padrões de desenhos indígenas, como pinturas de grafismos sagrados. Além de lindas, as bonecas têm o poder de fazer com que as crianças se vejam representadas.

“Não é apenas um pedaço de pano ali. É a história de resistência do meu povo. Nós indígenas estamos aqui desde o começo e não temos essa representatividade. E nossas pinturas, que estão nas bonecas, são muito sagradas pra nós”.

“O povo Tikuna é conhecido por clãs de animais. São mais de 12 clãs e eu sou clã onça, minha mãe clã arara. Na nossa cultura, clãs iguais não podem se casar. Por isso usamos nossa pintura como nossa identidade. Por isso meu nome é Weena, que quer dizer ‘onça que nada para o outro lado do rio’. É muito importante pra gente ter nossa identidade”, explica.

Visibilidade 174f2g

Para Wee’e’na Tikuca, a internet é essencial para dar visibilidade a nossa cultura ancestral. Vale lembrar que são mais de 80 mil indígenas vivendo somente em Mato Grosso do Sul, como citamos acima. Ao todo, existem 305 etnias no Brasil e mais de 270 línguas catalogadas.

“Através das bonecas, das roupas e pinturas, principalmente nas escolas onde a nossa história é distorcida, a gente quer mostrar a nossa real história; e não aquelas contadas nos livros que o índio mata, tem flecha. Tudo isso tem um motivo e eu quero, através da minha arte, das bonecas, da vestimenta, mostrar o lado positivo da nossa cultura, que é linda”.