Apesar de bonita, empatia em excesso pode virar síndrome 1w1a8

Psiquiatra explica que diante de cenários trágicos, como no Rio Grande do Sul, condição costuma aflorar 3w2759

Empatia: habilidade de se colocar no lugar do próximo. Sentimento que garantiu a evolução da humanidade por dar manutenção à sobrevivência em grupo. Mas, quando demasiado, principalmente em situações de calamidade, como ocorre no Rio Grande do Sul, pode ter efeito contrário, dando origem à síndrome chamada fadiga da compaixão.

(Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini)
Militares resgatam vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul (Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini)

O que em termos médicos nada mais é do que o “processo caracterizado por vários sintomas decorrente do esgotamento físico e mental, em resposta ao estresse constante, causado pelo contato com sofrimento alheio”, explica o psiquiatra Adriano Bernardi do Prado.

Quando o nó se forma na garganta em frente ao noticiário, o ser humano pode não entender muito bem o que está sentindo, atrelando aquela angústia tão somente ao fator emocional. Na verdade, a habilidade também faz parte do mecanismo que o mantém vivo.

“O ser humano é um animal social, que se desenvolveu e evoluiu em grupo. Com isso, desenvolveram habilidades sociais e de comunicação muito avançadas, entre essas estão sentimento de compaixão me habilidade de empatia”.

Os sentimentos, embora parecidos, não são o mesmo. A compaixão é uma simpatia ao sofrimento alheio, desejo de melhorar a vida do outro. A empatia é a capacidade de se imaginar no sentimento alheio. “E isso é evidente, por exemplo, na questão de identidade social, não precisa ser do mesmo sexo, raça ou crença”.

Só que, embora bonita, a empatia pode ser uma faca de dois gumes. Porque essa habilidade de se por na pele do outro pode acabar em esgotamento.

Por exemplo, a mãe de um menino autista que vê notícia de violência contra uma criança autista, pode sentir com muita intensidade, porque é um gatilho.

Adriano Bernardi do Padro, psiquiatra

Diante da tragédia que assola o Rio Grande do Sul, cenário que mobiliza o Brasil inteiro desde o fim de abril, muitas pessoas podem desenvolver a fadiga da compaixão, principalmente os envolvidos diretamente nos resgates e atendimento às vítimas.

“A pessoa por lidar constantemente com o sofrimento acaba absorvendo parte desse dele e pode desenvolver sentimento de desesperança, de ansiedade”. O efeito pode chegar até mesmo à sensação de apatia quando, lidar com situações ruins se torna rotineiro.

“Pelo contato prolongado com emoções muito negativas, pode ficar com esse sentimento de esgotamento, negatividade, uma certa insensibilidade, na verdade. É literalmente um esgotamento mesmo, por sentir demais por tempo prolongado, a pessoa acaba esgotada e sofre com isso”.

Como cada ser humano é único, composto por contexto de ambiente, convivência, cultura, não há receita para evitar a síndrome. O primeiro o, garante o médico, é tentar lembrar que quem cuida também é ser humano.

Ou seja, a pessoa que cuida de alguém, a pessoa que salva alguém, a pessoa responsável por alguém, também é a gente. A mãe do menino autista precisa dormir, também fica irritada se acordar cedo demais. O cuidador de idoso também sente dor nas costas

Também evitar excesso de contato com notícias ruins, trágicas, dramáticas. Trabalhar a resiliência entra no roteiro. “A resiliência é a capacidade da gente voltar ao estado original, é a capacidade de você sofrer, se adaptar e conseguir voltar a ser feliz, não se esgotar”.

Por fim, o psiquiatra ressalta que ter em mente a imperfeição humana é essencial. “Essa cobrança num resultado perfeito, na ânsia de não deixar ninguém sofrer, acaba esgotando o cuidador, seja ele um enfermeiro, um policial, um psicólogo, ou um voluntário que esteja tentando salvar alguém”.

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Comentários (1) 3kf3p

  • Elenice

    Fadiga por compaixão acontece também com os profissionais da saúde, pois é o nome do processo no qual o profissional ligado ao atendimento dos pacientes, que tem como demanda o sofrimento, torna-se fatigado, exausto física e mentalmente, devido ao constante contato com o estresse provocado pela compaixão (Figley, 1995).

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