Angolano e brasileira celebraram dois anos de amor em festa colorida e repleta de pertencimento 43342m
Casamento de Kigingo e Emmly contou com trajes típicos e família que cruzou o Atlântico para celebrar o amor 241x36
Amigos há seis anos, Kigingo e Emmly demoraram para ceder a paixão, mas quando aconteceu, tudo já estava perfeito. O angolano de 32 anos e a brasileira de 30, casaram na última semana de 2021, em uma cerimônia colorida que reuniu as belezas das duas culturas e familiares que cruzaram o Atlântico só para celebrar esse amor.

Cada detalhe da festa foi repleto de pertencimento. Desde a coroa de flores na cabeça da noiva que remetia a lenda pantaneira da Flor de Xaraés aos coletes dos padrinhos feitos com a estampa típica da Angola, a cerimônia mostrou o desejo dos noivos de que os convidados soubessem um pouco da história de cada um.
“Logo que a gente começou a namorar, decidimos que seria namorar para casar e começamos a planejar a cerimônia. Fizemos questão de colocar bastante coisa da cultura dele, mas também de manter a minha identidade. Eu usei, por exemplo, aquelas flores de Xaráes na cabeça, que é de uma lenda linda pantaneira. Eu quis manter a minha parte, mais brasileira e a parte dele, mais angolana”, explica a noiva, a bióloga Emmly Ernesto de Lima Kigingo.

Do outro lado, teve de tudo. Comida típica, suco de múcua, fruta que só nasce na Angola, música e roupas típicas que deram cor e brilho a festa. “A entrada dos padrinhos foi toda da cultura africana. As mulheres usaram um turbante e os homens um colete da estampa Samakaka. Cada país africano tem uma estampa que representa a nação, essa é a da Angola”, explica a noiva.
Como a ideia era que os padrinhos entrassem dançando, os noivos precisaram gravar um tutorial estilo TikTok para ensinar os os. “A entrada foi dançante, com uma música que a gente gosta bastante. Para os padrinhos aprenderem os os gravamos um tutorial e mandamos em um grupo. Eles foram ensaiando em casa e um dia antes fizeram todos juntos. Eles foram ótimos, aprenderam certinho”, se diverte a noiva.

No menu, Kisaca, feita com folha de mandioca, Funge, Frango ao molho de muamba – o nosso amendoim -, Mileta, carne seca com semente de girassol moído, e feijão com óleo de palma. Do lado brasileiro, um rondelli com queijo, arroz branco e salada tropical. “Todos os convidados quiseram provar a comida angolana. Teve uma grande aceitação de tudo, mas o frango com molho, o pessoal gostou bastante”, conta Emmly.
O toque final ficou por conta da música com show do grupo Vocal Kuimba. “Um grupo africano que cantou e animou com músicas em dialetos. Eles vieram para o meu casamento porque na realidade era um grupo que eu fazia parte. Eles são compostos por seis, sendo dois deles meus primos. Eu cantava no grupo e por ser música africana, a gente canta em a capella”, explica o noivo e contador, Kigingo Gomes.
Cada detalhe não seria perfeito sem a presença da família dele, que veio da Angola especialmente para a festa. “Fazia uns 7 anos que eu não via a minha família, Vi meus pais de uma forma rápida no casamento do meu irmão, que morava em Montes Claros, Minas Gerais, a 3 anos atrás”, relembra Kigingo.

O tempo em família quase não aconteceu por conta da pandemia da Covid-19. O casamento estava marcado inicialmente para abril de 2021, mas sofreu adiamentos para que os convidados africanos pudessem vir. Com medo que não desse certo, Emmly resolveu carregar junto ao buquê fotos de quem não poderia faltar. “Desejei colocar as famílias que deram origem a que estamos iniciando. Pai e mãe dele, meus pais e meus avós. Tinha medo dos pais dele não conseguirem vir por causa da pandemia. Com os relicários eles estariam com a gente pelo menos representativamente”, acredita.

No fim, não faltou emoção, pertencimento e alegria. “Realmente me senti em casa, eu vi a minha mãe dançando, coisa que fazia 11 anos que não presenciava, desde que vim para o Brasil”, celebra Kigingo.
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O primeiro encontro “oficial” foi pra lá de sugestivo. Kigingo decidiu convidar a então amiga Emmly para um desfile de noiva. “A gente sempre foi muito amigo e eu já tinha umas segundas intenções” ri o noivo.
Kigingo já era amigo da família há anos, quando mudou-se para Campo Grande para trabalhar na igreja que a família frequentava. A hoje sogra, dona Vania, adorou o futuro genro e levou ele para um almoço em casa. Na época, Emmly e ele estavam em outros relacionamentos e assim permaneceram por anos.

“Depois do casamento do meu irmão [onde ele levou a família toda de Emmly em Minas Gerais], começou a surgir uns flertes e química”, confessa Kigingo. “A gente deixou o tempo conduzir o sentimento porque não queríamos tentar e depois terminar e estragar a relação que eu tinha com os pais dela e a família. A mãe dela sempre me viu e me chamou de filho desde o primeiro dia que me conheceu”, complementa.