"Amava chá com bolo", conta sudanês que perdeu filho de 9 anos 4c3e73

Cuiabá virou terra de saudade para o casal sudanês Motaz e Limia, que perderam filho de nove anos, que fazia tratamento de câncer raro 37522w

Ainda há lugares de Cuiabá que o sudanês Motaz Mobara não consegue voltar desde a morte do filho, vítima de câncer aos nove anos. Apesar de não ser cuiabano de nascença, Mobarak Motaz Obaid era apaixonado pelo calor e pelo “chá com bolo”, que sempre costumava pedir ao pai.  

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Durante tratamento de câncer raro e agressivo, Mobi pediu que pai abrisse restaurante, em Cuiabá. (Foto: Bruna Barbosa/Primeira Página)

Enquanto estava internado em São Paulo (SP), onde fez o tratamento contra o câncer, o menino chegou a pedir a Motaz e à mãe, Limia Ali, que fosse enterrado em Cuiabá. O desejo foi cumprido pelos pais, que não hesitaram em fazer uma das últimas vontades do filho.

“Na hora não entendi porque ele estava dizendo aquilo. Ele disse que iria para um lugar melhor, mas que queria ser enterrado em Cuiabá. Não pensei nos gastos [do traslado], que são muitos, né? Mas aquilo não importava, ele não queria ser enterrado em São Paulo”.

Durante a internação, Mobarak ainda pediu para que o pai deixasse o emprego na fiscalização do abate de um frigorífico e abrisse um restaurante de comida árabe na Capital. O desejo também foi cumprido alguns meses após o enterro.

O estabelecimento foi nomeado com o apelido de Mobarak: “Mobi Halal”. O sudanês explica que ter o restaurante árabe é uma forma de manter o filho “vivo” em seus pensamentos. Apesar da morte ter acontecido há seis anos, o luto nunca deixou de ser algo recente na vida de Motaz e Limia.

“Vejo ele correndo por aqui. Ele está aqui. Ele está bem como ele falou que ficaria”, diz Motaz com os olhos marejados enquanto aponta para o salão do estabelecimento, decorado como um típico restaurante árabe.

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Alguns dos doces árabes vendidos pelo sudanês no Mobi Halal. (Foto: Bruna Barbosa/Primeira Página)

Por conta do amor que sentia por Mobi, o sudanês não mediu esforços para cumprir os pedidos que o filho fez durante o tratamento contra o câncer. De uma viagem para Cuiabá com pai à presença da avó, que mora no Sudão.

“Em uma das vezes ele ouviu dizer no hospital que a sopa da vovó fazia uma criança ficar forte. Ele já estava há dias sem se alimentar direito e pediu para comer a sopa da avó dele. Corri atrás da documentação e comprei uma agem para ela vir do Sudão”, lembra.

“Ele ficou muito feliz, comeu toda a sopa da vovó”, continua o sudanês, que sorri ao lembrar das memórias de Mobi.

Em outra ocasião, o menino pediu para voltar à Cuiabá, desejo que também foi realizado por Motaz, que não esquece a alegria de Mobi ao rever os amigos. Um dos lugares favoritos do “pequeno cuiabano” eram as manhãs na mesquita.

“Desde os seis anos ele morou aqui, a vida de criança dele foi aqui, já sabia onde jogar bola. Sempre ele brincava comigo pedindo para comer chá com bolo e cabeça de pacu. Antes dele piorar, trouxe ele para Cuiabá, viemos juntos no intervalo do tratamento”.

Fuga do Sudão pelo deserto 494g3s

Formado em veterinária na Rússia, Motaz precisou fugir do Sudão com a esposa por conta de perseguições políticas. Antes de chegarem ao Brasil, precisaram atravessar o deserto para chegar na Líbia. Foram quatro dias de viagem a pé, sem comida e sem água.

A filha mais velha de Motaz nasceu na Líbia, onde ele se casou com Limia, e a segunda em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá. Já Mobarak, nasceu em São Paulo (SP), onde a família morou por um período e onde ele ou pelo tratamento contra o câncer.

Durante o período que estavam em São Paulo, o casal sudanês recebeu a notícia de que Mobi estava se recuperando bem, mas, depois de uma piora, ele precisou ar pela quimioterapia.

“Não tinha como trabalharmos, até tentei arrumar um serviço, ganhava muito bem, mas não consegui. Como poderia trabalhar? Experimentei uma semana e não consegui, ficava pensando nele no hospital”.

Apesar do amor pela Cuiabá, que foi em grande parte influenciado por Mobi, o sudanês sente falta da cultura de seu país. Parte da saudade ele consegue matar com o restaurante árabe, onde suas tradições permanecem.

A proposta de Motaz no Mobi Halal é de servir comidas que carreguem a cultura de seu país. Por isso, desde a carne utilizada, que prioriza o abate halal, quando o animal é morto com um corte na jugular.

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Nome do restaurante de casal sudanês é homenagem a Mobarak, que foi apelidado de Mobi. (Foto: Bruna Barbosa/Arquivo Pessoal)

Os temperos usados para cozinhar os pratos servidos no restaurante são trazidos do Sudão. Motaz ressalta que não seria o mesmo caso ele não utilizasse os ingredientes que também estão na base de sua cultura.

Dos pratos árabes feitos pelo pai, o preferido de Mobi era o bamieh, espécie de refogado de quiabo, com carne de carneiro. Quando o sudanês preparava a comida, já sabia que iria garantir a felicidade do filho, com quem Motaz relata ter um “amor de outras vidas”.

“Eu e ele era coisa de outra vida. Ele era lindo”, diz o sudânes enquanto observa uma das fotos de Mobi espalhadas pelo restaurante.

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