Advogado leva arte para rua tocando músicas da ditadura em trompete 1m2e41
Cada vez que o semáforo fica vermelho, salta da calçada um homem de chapéu, camisa azul, e seu trompete 185m2b
O som do trompete contrasta com o vaivém de carros na esquina das ruas Antônio Maria Coelho e Bahia, região central de Campo Grande. A cada vez que o semáforo fica vermelho, salta da calçada um homem de chapéu, camisa azul, e seu trompete.
A máscara que cobre o nariz e a boca é deixada de lado para que do pulmão venha o fôlego de quem toca, desde menino, um dos instrumentos de sopro mais difíceis de uma orquestra.
Basta uma volta de carro para encontrar lugar e estacionar. Não só para apreciar a música, mas para descobrir quem e o quê está por trás do som.
O trompetista é Yeinson Delgado, de 44 anos. Advogado e professor, deixou tudo para trás ao sair da Venezuela em 2015. De lá pra cá, Yeinson é “apenas” um artista de rua que encontra em sua arte uma forma de levar vida e também ganhar a vida.
“Uma população sem arte, sem artista de rua, é uma população morta”.
Trompete na bagagem 1u155n
Yeinson carrega consigo a música desde 2014, quando saiu da Venezuela pela primeira vez, por um breve período. A saída definitiva veio no ano seguinte. “Eu como venezuelano estou procurando um jeito de ter uma vida melhor com música de rua, sendo arista de rua honradamente. Também faço malabares”, conta.
Há uma semana ele chegou a Campo Grande, veio descendo o Brasil desde o Acre, o que explica o número de celular brasileiro começar com o código 68, e ele deve partir em breve para Dourados e depois Ponta Porã.

“Aqui eu estou de agem. Quando um pessoal trabalha como arte de rua não pode ficar num lugar só”, explica. Do Brasil, ele só tem elogios dizendo que é um país muito acolhedor. Já Campo Grande, segundo ele, precisa criar mais consciência sobre a arte de rua.
Do trompete sai canções aprendidas ainda na infância, da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, tenente coronel que chegou a general e protagonizou golpes de Estado na década de 1940 e 1950. Presidente do país desde 1950, Marcos Pérez Jiménez foi derrubado em 1958, quando iniciou o processo democrático da Venezuela.
Isso é fruto de uma mera googlada jornalística. Nas palavras do trompetista, a versão é carregada de nostalgia. “É música do tempo da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, um presidente da Venezuela ditador a favor da população, não como Maduro que agora é contra a população, que não tem comida, não tem trabalho”.
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