Advogadas que se orgulham de ser "porta da cadeia" 4l2p17

De termo pejorativo, ser "advogada porta de cadeia" hoje é orgulho para Thaís e Talesca 713h1n

Advogadas porta de cadeia
Advogadas porta de cadeia: Thaís e Talesca são criminalistas com orgulho de serem “portas de cadeia”. (Fotos: Arquivo Pessoal)

Advogada porta de cadeia com orgulho. É este o lema de advogadas criminalistas que batem no peito para defender a área na qual escolheram atuar. Na faculdade, as personagens entrevistadas, Thaís Lara e Talesca Campara, não imaginavam se enxergar assim nem tampouco que se orgulhariam disso.

“Eu sempre gostei da área criminal e queria ser delegada, ser concursada, até mesmo porque minha família sempre foi muito humilde e eu não tenho ninguém que era da carreira jurídica”, lembra Thaís Lara, de 36 anos.

Paralelo ao sonho do concurso público, Thaís Lara começou advogar e teve apoio de um mestre que praticamente a “jogou” dentro de uma delegacia.

“Ele me deu as primeiras coordenadas e a partir dali eu vi que poderia ganhar a minha vida daquela forma e deixei o sonho. Porque todo mundo quer ser bem sucedido e eu achava que só poderia com concurso, mas descobri que poderia ser muito bem sucedida na área criminal”, diz.

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Já faz 12 anos que a advogada visita cadeias toda semana e viu o termo depreciativo se tornar motivo de orgulho.

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Thaís Lara é advogada criminalista que ri, chora e leva resultados do Flamengo para dentro dos presídios. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Advogada porta de cadeia é pejorativo, muito pesado, mas que eu tenho muito orgulho de carregar, porque a partir da porta da cadeia, quando eu entro ali percebo que me visto com uma capa que me dá força. Eu consigo enfrentar dentro da cadeia o preconceito, a tortura, a desvalorização. É um lugar onde eu sei que sou a minha melhor versão”, descreve.

É na cadeia, porta adentro, que Thaís chora e também ri com os clientes, conta sobre como estão os casos de covid aqui fora, rea os resultados dos jogos do Flamengo e leva esperança a quem ainda tem anos a cumprir no regime fechado. “Ali eu me torno um ser humano melhor, porque consigo me colocar no lugar daquela pessoa”, comenta.

Não existe caso, na área criminal, que Thaís rejeite, embora tenha suas condições de trabalho, como por exemplo: cliente dela que pode e a unidade dá condições precisa estudar tanto pela remissão de pena quanto para enxergar oportunidades.

“Eu enxergo meus clientes como ser humanos, como pessoas detentoras de direitos que merecem uma segunda chance. De todos os meus clientes a maioria ali a mãe nunca pegou na mão e disse: ‘meu filho, não faz isso’, pelo contrário. Eu tenho cliente que foi a mãe, o pai que colocou no crime”, conta.

Na rotina, Thaís visita semanalmente os presídios, tanto para fechar novos contratos, como para atualizar o cliente do andamento do processo.

“A família me procura, quer me contratar, mas eu preciso que o cliente queira. Então levo meu portfólio, me apresento e se ele disser que quer me contratar, já me a a procuração”, explica. A cada 15 dias, Thaís Lara leva as informações do processo, mesmo que nada tenha acontecido. “Para ele saber que eu estou atuando, trabalhando”, completa.

Nos presídios do Estado não há, segundo a advogada, uma padronização de atendimento. Na Gameleira, por exemplo, Thaís a pela portaria, que fica logo após o portão visto de fora, onde se identifica e diz qual preso vai atender.

Depois caminha cerca de 10 metros até o body scan. “A gente discute até mesmo a legalidade dele, porque deixa a pessoa nua, ela vê absolutamente tudo”, pontua. De lá, segue para o parlatório, lugar reservado para os advogados prestarem atendimento e onde Thaís conheceu Talesca Campara.

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Talesca Campara entrou na advocacia criminal há três anos e fez da porta da cadeia parte de seu trabalho. (Foto: Arquivo Pessoal)

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Advogada “porta de cadeia” há três anos, Talesca Campara de Souza diz que foi este caminho do Direito que a escolheu e não o contrário. Desde os estágios, ela sempre trabalhou na parte criminal e ao se formar, percebeu que a missão vai muito além de ser advogada porta de cadeia.

“É dar a devida defesa às pessoas que por vezes são negligenciadas. É um exercício não somente de advogacia, mas também de empatia”, diz Talesca, de 28 anos.

Se identificando com a parte criminal, Talesca também percebeu como a área, antes majoritariamente dominada por homens, vem ganhando mais mulheres. “Mas ainda tem um certo preconceito de ver mulher, mais jovem advogada. A gente está aqui para quebrar paradigmas, para dizer que somos tão competentes como qualquer outro advogado”, enfatiza.

Para ela, o termo “porta de cadeia” mudou de sentido e hoje é reflexo do trabalho de advogados criminalistas.

“Advogado porta de cadeia teve origem pela atuação de advogados que se dirigiam até as Unidades Penais em dias de visitação para captar clientes e oferecer seus serviços. Hoje em dia esse termo ainda é muito utilizado, porém não mais tendo o mesmo sentido que antes. Para mim o termo porta de cadeia denota um reconhecimento do advogado que possui uma atuação proativa, diligente, uma demonstração de trabalho árduo e nos termos da lei. Algo que venho construindo no decorrer do crescimento profissional”, destaca.

Morando em Dourados, Talesca Compara atende nos municípios do interior do Estado e também na Capital. A trajetória começada há três anos já fez com que ela se acostumasse com os presídios.

“A primeira vez me deu frio na barriga, fiquei pensando nos filmes e em como seria, mas na verdade é um local muito comum, que se tornou muito comum pra mim. Sinto que as pessoas que estão lá precisam de muita atenção, principalmente de nós que somos o porta-voz entre a liberdade e aquela pessoa que está ali”, finaliza.

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