Pam é professora, DJ e agora atriz de filme recomendado até pelo The New York Times 2j515m

Protagonista do filme Madalena conversa com o Primeira Página sobre vida, carreira e sucesso 1l3i16

Aos 34 anos e com uma carreira estável como professora, Pamella Yule não tinha muitas pretensões quando fez o teste para o filme “Madalena”. Com um corpo fora do padrão, ela acreditava que outras mulheres trans se encaixariam melhor na proposta e, talvez, aquele não fosse o trabalho certo. Como todas as grandes viradas da vida, ela estava enganada.

madalena filme gravado em MS
Uma das cenas de “Madalena”, filme estrelado por trans e gravado em MS. (Foto: Divulgação)

Agora, premiada, com o nome gravado na Netflix e o filme indicado pelo New York Times, o momento é de agradecimento pelo caminho percorrido. “Eu ainda estou processando tudo isso. Fico muito lisonjeada por ter ido para uma plataforma tão grande quanto a Netflix e, agora, tem isso do New York Times ter indicado”, cita.  

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Não só o principal jornal norte-americano indicou o filme, como também o diretor Kleber Mendonça, do sucesso “Bacurau”, também aconselhou todos a verem a obra de arte.  

“Quando a gente gravou não esperávamos essa repercussão toda”, pontua. “Fico bastante realizada com o trabalho sendo reconhecido, indicado. Está sendo muito legal esse momento”, frisa.

Ascensão   3f6430

A trajetória de Pamella na atuação não é necessariamente nova. Ela já trabalhou como atriz durante um ano no teatro e fez trabalhos pontuais no audiovisual. “No audiovisual eu fiz algumas pequenas participações. Esse é o meu primeiro grande papel, como protagonista, de um filme grande, de baixo orçamento, mas com produtoras grandes, como a Vitrine”, cita. 

Agora, após a experiência em “Madalena”, Pamella está aberta a novos projetos. “É uma coisa que eu não descarto não, eu sou professora, gosto muito da minha profissão, mas se aparecer alguma oportunidade, se rolar algum convite, algum teste, vamos tentar. Quando eu fiz Madalena, fiz o filme meio desacreditada”, relembra. 

Segundo Pamella, havia outras meninas para o teste. “Elas eram mais dentro do padrão. Eram mais magras, tinham alguma cirurgia plástica. Eu não imaginava que eu teria o a esse lugar, ao papel de destaque. Quando me ligaram para falar quebrou um pouco a minha cabeça, eu percebi que posso muita coisa”, acredita. 

Filme Madalena ganha crítica positiva do The New York Times (Foto: Reprodução/Internet)
Filme Madalena ganha crítica positiva do The New York Times (Foto: Reprodução/Internet)

“(…) O filme traça languidamente o cotidiano dos personagens, que parece continuar apesar de tudo. A estranha e triste banalidade da tragédia de Madalena ganha um golpe político no pós-escrito do filme, que cita uma estatística preocupante: o Brasil tem a maior taxa de homicídios de transgêneros do mundo”.

Experiências  1p3z17

Pamella é uma mulher transexual e suas vivências também estão presentes na construção da sua personagem, Bianca. 

“A última parte da minha personagem, ela foi escrita pensando na gente, nas pessoas que estavam presentes nessa seleção. Todas as meninas que foram para o teste contaram um pouco da sua história. O diretor, que também é roteirista, escreveu baseado nas nossas histórias. A Bianca, que é a minha personagem, é cuidadora de idosos, é noiva de um cara que está longe, ela é muito amiga, se preocupa, cuida das pessoas. Eu também tenho um noivo que não mora junto comigo. A nossa amiga que estava lá, também trabalhava como cuidadora de idosos. A produção queria trazer essa verossimilhança”, esclarece.

Pamella é protagonista do filme Madalena (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Pamella é protagonista do filme Madalena (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Preconceito  1v3y6e

Pamella é formada em Artes e ministra aulas em uma escola pública de Campo Grande, onde nasceu e vive desde sempre.  

“A gente vê que tem alguns alunos que sentem estranheza, a gente sempre fala, quantas pessoas no seu círculo de amizade e família, são trans? Essas pessoas geralmente não estão nesses lugares. A sociedade não costuma ter essas pessoas por perto, mas ao mesmo tempo como a gente tem discutido muito sobre, falado sobre, a ideia é não fazer distinção da pessoa e colocar ela lá, em uma sala de aula, para comandar uma turma, de forma natural, para ajudar a diminuir o preconceito”, acredita. 

A presença de uma pessoa trans em todos os ambientes não deve ser visto como algo extraordinário, apesar das dificuldades e entraves que existe nessa inclusão. “Sabemos que é muito difícil a pessoa estar lá por conta própria, é sempre porque alguém colocou a gente lá. Alguém resolveu dar uma oportunidade”, pontua.

Pamella não anunciou que é trans na escola em que trabalha. “No meu caso, fiz questão de chegar e falar, sou uma atriz da Netflix”, brinca. 

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