Indígenas de MT participam de festival de cinema em Brasília 4p6b6n
Foram selecionadas duas produções audiovisuais do Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Myky e uma do povo Enawenê-Nawê. 2mix
Indígenas da bacia do Juruena participam da programação do 1º FeCCI (Festival de Cinema e Cultura Indígena) que começou nesta sexta-feira (2) e segue até o dia 11 de dezembro. Durante dez dias de evento, serão exibidos 45 obras com temáticas indígenas e protagonizadas por mais de 35 povos das cinco regiões do país.

Dentre as produções selecionadas, três são de povos da bacia do Juruena, região noroeste de Mato Grosso onde vivem mais de dez povos indígenas.
O Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Myky – que já produziu 13 filmes ao longo de pouco mais de uma década de existência – teve dois trabalhos selecionados: “Ãjãí: o jogo de cabeça dos Myky e Manoki”, de Typju Myky e André Lopes; e “Os espíritos só entendem nossa idioma”, de Cileuza Jemjusi, Robert Tamuxi e Valdeilson Jolasi. E a terceira obra selecionada foi “Rituais do povo indígena Enawenê-Nawê”, de Iholalare Wayali Enawenê-Nawê.
A programação conta com uma Mostra Competitiva (10 filmes), uma Mostra Paralela (20 filmes) e uma Mostra de Convidados (15 filmes). Dos três selecionados da região do Juruena, o média-metragem “Ãjãí: o jogo de cabeça dos Myky e Manoki” figura na Mostra Competitiva e os outros dois curtas compõem a Mostra Paralela.
O Ãjãí é um jogo em que somente a cabeça dos jogadores pode encostar na bola. Essa prática, compartilhada por poucos povos indígenas no mundo, está presente entre as populações Myky e Manoki. O filme foi gravado na aldeia Japuíra durante os preparativos para a festa na qual o jogo é praticado. As gravações começaram em 2016 e o documentário foi concluído em 2019.
A segunda produção selecionada do coletivo, intitulada “Os espíritos só entendem o nosso idioma”, trata de dois elementos culturais interligados, a língua e a espiritualidade. Atualmente, apenas cinco anciões da população Manoki na Amazônia brasileira falam o idioma materno, um risco iminente de perderem o meio pelo qual se comunicam com seus espíritos.
A luta e a esperança ecoam em várias dimensões do curta-metragem, indicando que a língua manoki sobreviverá. Todos os três diretores são jovens lideranças da aldeia Paredão. O Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Myky reúne jovens realizadores dos povos indígenas Manoki e Myky. Ijã significa tanto história como caminho. Mytyli ou Myty’i significa novo ou jovem.
Já o terceiro filme selecionado da região da bacia do Juruena é centrado em dois rituais sagrados dos Enawenê-nawê. Ao apresentar registros dos rituais Iyãokwa e o Kateoko, o curta revela aspectos da cultura e sua relação com a espiritualidade.
Mostra online 6aa21
Aos que não puderem comparecer, os filmes exibidos nas mostras paralela e competitiva também poderão ser assistidos na mostra online pela plataforma @innsaei.tv.
Os filmes da mostra paralela estarão disponíveis de 02 a 11 de dezembro e os da mostra competitiva nos dias 09 e 10.
Festival de Cinema 2m211h
Idealizado pelo mato-grossense Takumã Kuikuro, um dos cineastas com mais destaque de sua geração, o FeCCI é focado na produção audiovisual de cineastas, coletivos e realizadores de origem indígena, promovendo, fortalecendo e difundindo as variadas culturas e cinemas dos mais de 305 povos indígenas do país. O tema deste ano é “Como você cuida da sua aldeia?”.
As obras selecionadas receberão cachê e os filmes vencedores da Mostra Competitiva serão premiados nas categorias: Melhor Filme pelo Júri Técnico e Melhor Filme do Júri Popular. E, ainda, concorrerão ao troféu Tamakahi nas categorias: Melhor Roteiro, Melhor Direção e Melhor Fotografia.
Exibição p426s
- Ãjãí: o jogo de cabeça dos Myky e Manoki (48’, 2019, Typju Myky e André Tupxi Lopes) – 14h do dia 10 de dezembro no Cine Brasília – Mostra Competitiva
- Os espíritos só entendem o nosso idioma (5’, 2019, Cileuza Jemjusi, Robert Tamuxi e Valdeilson Jolasi | Realização: Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Myky / LISA-USP) – 14h do dia 3 de dezembro no Cine Brasília – Mostra Paralela
- Rituais do povo indígena Enawenê-nawê (10’, 2021, Iholalare Wayali Enawenê-nawê) – 16h do dia 07 de dezembro no Cine Brasília – Mostra Paralela Túlio Paniago