Toda Sexta é 13 4g6d1o

Fervo trata questões familiares com casal hétero e fantasmas LGBTQIA+ 5d3s40

Trio de desencarnados morreu num acidente na véspera de inauguração de uma boate e precisa resolver pendências para seguir ao além 635y6m

Hoje vou falar sobre uma obra que tem fantasmas, mas que não assusta. Faz rir. Não há nada a temer em Fervo (Brasil, 2022), disponível no streaming pelo Star +. É muito comum no cinema essa mistura entre humor e riso.

Fervo Filme Brasileiro da Star Productions
Fervo (Foto: Divulgação)

Lá em 1974, Mel Brooks trouxe-nos O Jovem Frankstein. A obra usava o monstro criado por Mary Shelley para abusar da comédia. Sem sustos. Recomendo. É um muito divertido.

Nos anos 80, o humor ganhou um pouco mais de sangue e até surgiram nomenclaturas para tentar definir um novo gênero, o terrir ou humorror.

Entre eles estão A Volta dos Mortos Vivos (EUA, 1985), Vamp – A Noite dos Vampiros (EUA, 1986), Noite dos Arrepios (EUA, 1986), Drácula: Morto mais Feliz (EUA, 1985), enfim, um filão inesgotável que chegou a evoluir para a pura paródia com Todo Mundo em Pânico (EUA, 2000) e Os Vampiros que Se Mordam (EUA, 2010).

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Fervo bebe mais da fonte de filmes que usam a vida além da morte para encantar.

Os Fantasmas se Divertem com o famoso Beetlejuice criado pelo gênio Tim Burton em 1988 é um deles.
Outro filme que se encaixa nesse nicho é com o Homem de Ferro em carne e osso. Robert Downey Jr encarna a fase adulta de um menino que teve sua vida ligada a quatro almas que desencarnaram num acidente de ônibus no exato momento em que nasceram.

O filme Morrendo e Aprendendo (EUA, 1993) se a em 1959. E o personagem de Downey Jr terá que ajudar os espíritos a lidarem com situações mal resolvidas que os prendem à Terra e os impedem de seguir o caminho da luz.

É a mesma premissa do filme nacional do ano ado. Em Fervo, o casal de arquitetos Léo (Felipe Abib) e Marina (Georgiana Góes) compra, por uma pechincha, uma mansão no Rio de Janeiro.

fervo comedia nacional estreia nos cinemas
Casal de arquitetos e influencer espiritual ajudam almas penadas a resolver problemas do tempo em que eram vivos

O local é estranho. Forrado de cortinas cafonas e cheio de vidraças. A sala é tão ampla que é possível entrar com o carro nela. E tem um bar com uma placa luminosa gigante com a palavra fervo escrita.

Marina, que não tinha visto o imóvel, o reprova de cara, mas Léo confia que, após uma grande reforma, a casa poderá ser vendida por um bom preço. Afinal, são arquitetos. Entendem do negócio.

O problema é que o corretor de imóveis não o informou que a casa tem um ório indesejável: três fantasmas. A drag queen Mo Nanji Manhatann (Rita von Hunty), o homossexual Diego (Gabriel Godoy) e a lésbica Lara (Renata Gaspar).

E eles vivem – ops – se encontrando com a morte, vivida – ops de novo – pela veterana Joana Fomm.
Os espíritos eram sócios e ficaram presos no imóvel depois de desencarnarem num acidente na véspera de inauguração da boate LGBTQIA+ que leva o nome do filme.

Fervo demora um pouco a pegar, as primeiras situações envolvendo o além parecem um pouco forçadas e trazem até um certo desconforto com o que parece ser um distanciamento entre os atores que fazem o casal.

Mas logo tudo se explica – eles vivem uma crise no casamento — e o filme decola.

Os espíritos tentam expulsar os novos moradores da casa e uma das primeiras traquinagens do trio é bastante engraçada e desencadeia um encontro divertido com o melhor amigo de Léo, Jorge (Dudu Azevedo).

Depois de quase desistir da casa, Léo acaba descobrindo que pode ver os espíritos e resolve ajudá-los.
Entra em cena Jonas (o humorista Paulo Vieira), descoberto na internet como uma espécie de guru do além.

Jonas, Léo e Dudu acabam emprestando os corpos para que as almas penadas possam deixar a casa e resolver seus problemas pendentes.

Participações especiais dão charme a essa busca. Marcelo Adnet, como escrivão de polícia, faz uma ponta bem-humorada e Welder Rodrigues, da companhia teatral Os Melhores do Mundo, dá show costumeiro como um legista do IML.

Fervo é um filme para se divertir. E ele cumpre bem a tarefa. É leve, ótimo para se assistir numa sessão da tarde.

E ganha pontos ao abordar com muito carinho e respeito temas atualíssimos e necessários como acolhimento, aceitação e diversidade.

Em tempos de tanta cisão entre famílias por questões terrenas, a comédia sobrenatural do diretor Felipe Joffly cai como uma luva ao mostrar o quanto é importante praticarmos o amor e a tolerância enquanto temos tempo para isso.

Em vida.

Não precisamos morrer para aprender.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Toda Sexta é 13, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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