Estudo inédito mostra que incêndios florestais atingiram a Amazônia há 43 mil anos 2e6r6x

Durante o Pleistoceno Superior, o planeta Terra experimentou intensas oscilações climáticas, alternando entre períodos glaciais e interglaciais, com variações nos níveis de umidade. 2q1k4y

Uma descoberta acaba de lançar nova luz sobre a história da Amazônia. Uma pesquisa inovadora, conduzida por cientistas da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e da Universidade do Vale do Taquari – Univates (RS), revelou evidências de que a floresta amazônica, especificamente na região de Rondônia, foi palco de incêndios florestais de causas naturais há aproximadamente 43 mil anos.

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Pesquisadores identificam evidências de paleoincêndios muito antes da ocupação humana (Foto: Joane Francis – Unsplash)

Publicado pela revista científica Journal of South American Earth Sciences sob o título “The first record of sedimentary macro-charcoal for the Upper Pleistocene of the Amazon“, o estudo analisou fragmentos de carvão vegetal macroscópico (macrocarvão) encontrados em sedimentos às margens do rio Madeira.

Esses vestígios, preservados por milênios na formação geológica, na Bacia do Abuña, representam o mais antigo registro de incêndios não provocados pelo homem já identificado na Amazônia e o primeiro para o período geológico do Pleistoceno Superior (entre 126 mil e 11,7 mil anos atrás) na região.

Evidências carbonizadas 276m42

A equipe examinou minuciosamente quatro amostras de sedimentos contendo tecidos vegetais carbonizados.

A análise laboratorial confirmou que esses fragmentos foram submetidos a altas temperaturas, prova inequívoca da ocorrência de incêndios.

Apesar da impossibilidade de identificar as espécies vegetais exatas devido à preservação, os cientistas acreditam que pertenciam ao grupo das angiospermas, que engloba a maioria das plantas com flores.

O dado mais intrigante da pesquisa reside na cronologia dos eventos. Os incêndios identificados ocorreram cerca de 30 mil anos antes dos primeiros indícios de presença humana na região amazônica.

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Micrografias eletrônicas da amostras colhidas pela equipe (Imagem: Divulgação)

Combustível natural 1e4q5j

Durante o Pleistoceno Superior, o planeta Terra experimentou intensas oscilações climáticas, alternando entre períodos glaciais e interglaciais, com variações nos níveis de umidade.

Essas mudanças ambientais podem ter criado condições propícias para a ignição e propagação de incêndios na Amazônia, especialmente em áreas onde a vegetação se tornou mais seca e, consequentemente, mais inflamável.

Amazônia: uma história de transformação 1r573l

Segundo o estudo, a descoberta desses incêndios pré-humanos na Amazônia não minimiza a gravidade da atual crise de incêndios na região, que são predominantemente causados por atividades humanas ligadas ao desmatamento e à expansão agrícola.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que somente em 2022 foram registrados mais de 70 mil focos de incêndio na Amazônia brasileira durante a estação seca.

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Localização das amostras no mapa do Brasil – Crédito – Reprodução – Google Maps

“Este estudo pioneiro abre um novo campo de investigação científica na Amazônia: o estudo dos paleoincêndios. A identificação de macrocarvão em estratos geológicos antigos oferece a oportunidade de reconstruir cenários climáticos do ado e, potencialmente, fornecer insights para a compreensão dos impactos das mudanças climáticas atuais sobre a floresta. Além disso, os resultados desafiam a visão tradicional de uma Amazônia sempre úmida e imune ao fogo”, diz trecho do estudo.

Os pesquisadores planejam expandir suas investigações para outras áreas da Amazônia, buscando mais registros de incêndios antigos com o objetivo de construir um panorama mais completo da história do fogo na região e seus efeitos sobre a vegetação ao longo do tempo.

O estudo é assinado por Karielly Aparecida Borges do Amaral, José Rafael Wanderley Benício, Kellen Lagares Ferreira Silva, Júlia Siqueira Carniere, Etiene Fabbrin Pires-Oliveira e André Jasper.

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