Dossiê traduz em números a selvageria do machismo 55k5l

"Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim": Imagine que o coro da música cantada por Elza Soares, seja entoado por cada uma das 41.976 mulheres que pela primeira vez bateu à porta da Casa da Mulher Brasileira 184f2l

“Cadê meu celular?
Eu vou ligar prum oito zero
Vou entregar teu nome
E explicar meu endereço
Aqui você não entra mais
Eu digo que não te conheço
E jogo água fervendo
Se você se aventurar” …

“Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”. 32141z

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Para que serve o 8 de março? (Ilustração: Marina Duarte/Marina Ilustrando)

Imagine que o coro da música “Maria da Vila Matilde“, cantada por Elza Soares, seja entoado por cada uma das 41.976 mulheres que pela primeira vez bateu à porta da Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande, nos últimos seis anos.

Este é um dos dados do Dossiê da Mulher Campo-Grandense, levantamento feito pela Semu (Subecretária Municipal de Políticas para as Mulheres), que escancara a selvageria do que é ser mulher todos os dias.

De 2016 a 2022, foram realizados 854.363 mil atendimentos na Casa da Mulher Brasileira. Numa comparação, seria o mesmo que dizer que 90,6% da população atual de Campo Grande já ou pelos setores na Casa.

As que vão pela primeira vez e são registradas no sistema que concentra todos os atendimentos prestados, são o número que abre a matéria, 41.976. Mas, se contabilizar retornos e encaminhamentos, o número de vítimas sobe para 99.528, quase 100 mil no mesmo período, de 2016 a 2022.

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Violência contra a mulher atinge qualquer mulher, mas dados revelam que as que mais procuram ajuda são jovens e adultas, heterossexuais. (Ilustração: Marina Duarte/Marina Ilustrando)

O próprio dossiê apresenta que a violência doméstica e familiar e demais violências de gênero podem atingir qualquer mulher, independentemente da classe social, raça, cor, etnia, identidade de gênero, idade e orientação sexual.

“No entanto, há que se considerar como esses marcadores sociais conduzem a vulnerabilidades maiores para determinadas violências, assim como para condições desiguais para o seu enfrentamento. É necessário, portanto, um olhar interseccional sobre a violência contra as mulheres”, diz o documento.

Com as portas abertas 24h por dia, sete dias por semana, o perfil das vítimas de violência que procuraram atendimento em 2021 e 2022, em Campo Grande, é na maioria de mulheres jovens e adultas, entre 21 e 30 anos, correspondendo a 29,4%; seguido da faixa etária de 31 a 40 anos.

A maioria delas (62,6%) se declara parda, embora o dossiê faça questão de pontuar que são as mulheres negras as mais vulneráveis às diversas formas de violência, bem como as que possuem mais dificuldades de o à justiça e às políticas públicas sociais devido aos marcadores de raça e classe social.

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Nós, vítimas, estamos em diferentes bairros. As mulheres que conseguiram denunciar entre 2021 e 2021 algum tipo de violência veio da área do Anhanduizinho. Ilustração: Marina Duarte/Marina Ilustrando)

O documento também traz que as vítimas atendidas entre 2021 e 2022 moram, em sua maioria, na região do Anhanduízinho, onde ficam localizados bairros como:

  • Aero Rancho
  • Alves Pereira
  • América
  • Centenário
  • Centro-Oeste
  • Guanandi
  • Jacy
  • Jockey Clube
  • Lageado
  • Los Angeles
  • Parati
  • Pioneiros
  • Piratininga
  • Taquarussu

Renda 5h6r17

  • Em 2021, das 6.845 vítimas de violência que declararam renda, 40,8% delas recebiam entre meio até um salário mínimo;
  • As que declararam possuir renda de mais um até três salários mínimos foi de 19%. Em 2022, este número pula de 19 para 33%.

Escolaridade 384y3g

Das mulheres atendidas nos anos de 2021 e 2022 que informaram a escolaridade, o maior percentual é o de mulheres que possuem o ensino médio completo (35%), seguido do percentual de 19% de mulheres com ensino fundamental incompleto.

Orientação sexual 1h1m5t

Entre as vítimas que responderam a orientação sexual, 74% delas responderam heterossexual.

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Como se fôssemos frágeis: dossiê diz existem duas mulheres que já estiveram 26 vezes na Casa da Mulher Brasileira.

Entre os anos de 2021 e 2022, 62,5% das mulheres estiveram apenas uma única vez na Casa da Mulher Brasileira.

  • No mesmo período, duas vítimas estiveram 26 vezes.
  • Uma mulher esteve 24 vezes.
  • Duas mulheres 21 vezes,
  • Duas mulheres 20 vezes

Por quê lutamos? 5g3p4q

A análise do dossiê escancara diversas situações que levaram as mulheres a denunciar. Desde ameaça do namorado no primeiro atendimento até lesão corporal grave no último, com recorrentes pedidos de medidas protetivas de urgência e de revogações contra aquele que se tornou marido.

“Esse caso exemplifica claramente a escalada da violência apontada pelo ciclo da violência contra as mulheres e indica que a agressão tende a aumentar quando se manifesta logo no início do relacionamento”, revela documento.

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As flores que a gente queria ganhar hoje: dignidade, direitos, vida. (Ilustração: Marina Duarte/Marina Ilustrando)


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