Do café ao crochê, elas tecem projeto que aquece mais de mil pessoas 4h3q3y
Grupo de 48 voluntárias confeccionam peças e doam a população em vulnerabilidade 1m4a6h
Um café, algumas histórias e muito crochê, foi assim que duas amigas teceram o projeto Aqueça Seu Irmão, hoje com 23 anos de criação. Das idealizadoras, somente Emília Pistori segue neste plano, mas sempre levando a companheira de agulha, Lígia, junto dela.

? Ouça abaixo a reportagem da Morena FM: 184r2c
A história nascida da amizade ganha cada vez mais pontos quando, a cada ano, são entregues as peças de crochê e trico, confeccionadas pelas 48 voluntárias que literalmente abraçaram a causa ao longo do tempo.
Durante o ano elas se encontram a cada quinta-feira para ‘crochetarem’ juntas, sempre das 14h às 17h. Mas o carinho não cabe em três horas semanais. O grupo leva a demanda para casa e quando o frio bate à porta, ainda no outono, é chegado o momento de doar tudo que foi feito.
Este ano, por exemplo, foram R$ 22 mil em lã, resultando na produção de 1.550 peças que vão de ponchos a toucas e meias. Não há idade, sexo ou qualquer coisa que exclua alguém de recebê-las, mas o foco, claro, são pessoas em situação de vulnerabilidade.
“Em todos esses anos já atendemos 42 lugares. Sempre instituições fechadas. Em 2023 foram 16 locais de vários bairros”, conta Emília. No último fim de semana o grupo esteve no loteamento Vespasiano Martins e no Centro Espírita Discípulos de Jesus.
No próximo sábado (27) é a vez do Centro Espírita Caridade Amor e Luz, no bairro Noroeste, receber as voluntárias. Muito se engana quem pensa que o nome do projeto faz alusão somente ao quentinho do emaranhado de linhas de lã.
“A sensação é de prazer, de felicidade nesta época de entrega. Sempre fazemos presencial porque entregamos, abraçamos, levamos uma palavra de carinho, é assim há 23 anos”, lembra Emília.
Ela cita uma das entregas que mais a marcou. Foi quando uma menina pegou um dos itens, colocou, tirou foto e depois ia devolvê-lo. “Então eu disse que a peça era dela. A resposta foi que ela nunca tinha tido algo novo, nunca tinha ganhado nada que não fosse usado”, recorda-se emocionada.
Mesmo sem saber, quem é ajudado acaba também ajudando. Apesar de árduo, o trabalho serve como espécie de tarapia às voluntárias. Emília conta que muitas chegam ao projeto deprimidas, mas com a convivênica, com as conversas entre um ponto e outro, acabam desanuviando o coração.
“A gente troca ideia, receita, a gente conversa, temos momentos agradáveis”, relata. A arrecadação de verba para pagar a matéria prima era feito através de um bingo a cada mês de setembro, porém com a chegada a pandemia o método precisou mudar. Agora, todo mês de dezembro o grupo organiza rifa virtual para angariar fundos.
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Engajada em outros projetos, a voluntária Roberta Monteiro, 42 anos, acabou encontrando o Aqueça Seu Irmão pelo caminho do altruísmo. “Em 2017 conheci o projeto através de outro projeto que faço parte. Elas foram atender o Anandamóyi, no qual dou auxílio, e nos convidaram para conhecê-las. Fui e achei tão lindo, tão amplo, intenso, que resolvi participar”.
O que mais chamou a atenção de Roberta foi justamente poder ajudar a todos, independente de idade, cor, raça, sexo. “Atendemos de mamando a caducando. De bebês recém-nascidos a maiores, crianças, jovens, adultos e idosos. É um projeto que consegue abranger tudo e todos. Não é pontual”, avalia.
Além disso, para ela, o fato de poder confeccionar os itens é algo ainda maior. ” É tudo feito com amor, com carinho. Só estando lá, sentindo, colocando amor e depois recebendo de volta, só assim pra saber. É algo inexplicável em palavras”, finaliza.