Brasil tem 1,32 milhão de quilombolas; mais de 11 mil vivem em MT 3w6h
Dos mais de cinco mil municípios brasileiros, 1.696 deles possuem populações quilombolas, segundo o IBGE 2g2w4h
No Brasil, há uma população total de 1.327.802 quilombolas, correspondendo a 0,65% do total de habitantes do país. Só em Mato Grosso, vivem mais de 11.700 deles.
O número foi revelado nesta quinta-feira (27), através do Censo Demográfico de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que investigou pela 1ª vez os povos integrantes de comunidades tradicionais espalhadas pelo país.

Quilombolas no Brasil 6ev62
Ainda segundo o IBGE, dos mais de cinco mil municípios brasileiros, 1.696 deles possuem população quilombola.
Os quilombos podem ser caracterizados, simbolicamente, como espaços da resistência contra a política escravocrata e, no Brasil, estão presentes em vários Estados.
A maioria desses povos, integrantes de comunidades tradicionais reconhecidas pela Constituição de 1988, vivem no Nordeste (68,19% ou 905.415 pessoas).
Em seguida, está o Sudeste brasileiro, com 182.305 pessoas, e o Norte, com 166.069, ambos contabilizando 26,24% da população quilombola.
Outros 5,57% do grupo analisado vive nas regiões Centro-Oeste (44.957) e Sul (29.056).

Em Mato Grosso, há um total de 11.719 quilombolas, enquanto em Mato Grosso do Sul existem 2.546, segundo a pesquisa.
A pesquisa revela, ainda, que mais de 50% da população quilombola brasileira vive nos Estados da Bahia (397.059) e Maranhão (269.074 pessoas).

Residências quilombolas 275m71
A distribuição geográfica desses povos está ligada ao processo de colonização e escravização, e à resistência história diante disso – fatores que levaram à criação de ocupações territoriais próximas aos rios brasileiros, como explica Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.
Relacionado a isso, está o fato de que apenas 12,6% (203.518) do total de quilombolas do país vivem em um dos 494 territórios oficialmente delimitados, conforme a pesquisa.
Fora dessas áreas delimitadas, vivem 1.160.600 pessoas, ou seja, 87,41% da população quilombola.
Eixos de concentração 373t15
Através das análises espaciais do IBGE, foi possível perceber quatro eixos de maiores concentrações de povos quilombolas no país, são elas:
- Regiões Sudeste e Nordeste, onde as comunidades cresceram em torno da bacia do rio São Francisco até Pernambuco e nas cidades litorâneas de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo;
- imediações do rio Amazonas e da calha norte do Pará até sua foz, além dos municípios do entorno de Belém e do Amapá;
- regiões Centro-Oeste e Norte, entorno do Pantanal mato-grossense e da bacia do rio Guaporé;
- regiões Sul e Sudeste do Rio Grande do Sul.

Amazônia Legal 57q1r
Por fim, a pesquisa também esclareceu que 426.449 pessoas quilombolas vivem nos municípios da Amazônia Legal, representando 1,60% da população total da região e 32,11% do total da população quilombola residente no Brasil.
Esses dados mostram que a população quilombola que vive em territórios oficialmente delimitados na Amazônia Legal é maior, se comparada ao cenário nacional: 18,97% na região amazônica contra 12,59% vivendo em delimitações oficiais em todo o país.
Primeira vez no censo 2n622n
Essa é a primeira vez em que a comunidade quilombola e o pertencimento étnico desses povos no Brasil são analisados no Censo Demográfico.

Com isso, a expectativa de diferentes organizações e entidades é de que o levantamento contribua para retirar essas populações de situações de invisibilidade, fortalecendo reivindicações por garantias de diretos e o à políticas públicas.
Após a divulgação dos dados, a Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) se manifestou, considerando a divulgação do recorte do Censo uma conquista do movimento quilombola.
Leia mais n1u6n
Quilombos 283451
No período colonial, os quilombos eram definidos como comunidades formadas por pessoas negras que resistiram à escravidão e haviam fugido.
Por isso, esses espaços são símbolos da resistência contra a política escravocrata e, no Brasil, estão presentes em vários Estados.
Embora esse conceito tenha sido reproduzido por muitos anos, houve nas últimas décadas um movimento em busca de uma redefinição a partir da perspectiva antropológica.
Hoje, diferentes pesquisadores observam que muitas dessas comunidades originais foram extintas ao longo do tempo, por pressões de diversas naturezas: sociais, culturais, demográficas, econômicas, etc.
Por causa disso, acabaram se dispersando para novos territórios, dando origem a outros arranjos comunitários.