137 anos da abolição: MT registra mais de 6 mil pessoas vítimas de trabalho escravo d6b5t

Confresa lidera o ranking nacional com 1.393 resgates registrados no período q1324

Apesar dos 137 anos da abolição oficial da escravidão no Brasil, comemorados neste 13 de maio, a liberdade plena e os direitos trabalhistas ainda não alcançam todos os brasileiros.

Trabalho escravo
Mato Grosso é o terceiro estado do país com maior número de trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão. Foto: Câmara dos Deputados

Dados do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas, da plataforma SmartLab, revelam que Mato Grosso é o terceiro estado do país com maior número de trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão, somando 6.153 vítimas entre 1995 e 2024.

O dado mais alarmante, porém, está concentrado em um único município: Confresa, localizado a 1.065 km de Cuiabá, lidera o ranking nacional com 1.393 resgates registrados no período — o que representa mais de 20% do total estadual.

A situação mostra que, embora o Brasil tenha abolido formalmente a escravidão em 1888, a realidade ainda carrega traços do ado colonial e das desigualdades estruturais. “A escravidão continua existindo, mas com uma nova roupagem. A diferença é que hoje ela está legalmente condenada, mas socialmente tolerada em muitos setores”, analisa o historiador Jario Sena.

O novo rosto da escravidão: o agro 52364t

Segundo os dados da plataforma SmartLab, em Mato Grosso, os principais setores responsáveis pelas ocorrências são: criação de bovinos (27,4%), fabricação de álcool (26,4%), cultivo de cana-de-açúcar (10,4%).

image 4
Fonte: Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas

O historiador também ressalta a relação histórica entre a economia brasileira e a mão de obra precarizada.

“A economia do Brasil foi construída às custas do trabalho escravo. Industrializações tentaram surgir, como a proposta por Barão de Mauá, mas foram sufocadas. O país foi um dos últimos a abolir a escravidão porque a estrutura dependia dela. Isso permanece com o racismo estrutural, com o agro e também nas grandes indústrias — vide o caso dos bolivianos em São Paulo”, pontua.

A herança do racismo estrutural g2e3x

Os dados mostram que 71,5% dos trabalhadores resgatados naturais de Mato Grosso são pretos ou pardos, revelando a face racial do problema.

Além disso, somente 926 dos 6.153 trabalhadores resgatados no estado são nascidos em Mato Grosso, o que indica que muitos migrantes — de outros estados ou países — estão mais vulneráveis e acabam sendo aliciados em condições degradantes.

Confresa: o epicentro nacional do problema 6h4i4n

Com 1.393 resgates registrados, Confresa ocupa o topo do ranking de municípios com mais trabalhadores libertos de condições degradantes no Brasil.

De acordo com o Observatório, os locais com maior número de resgatados vivem “dinamismo produtivo e econômico recente, porém intenso, em que há oferta intermitente de postos de trabalho em ocupações que pagam os menores salários e exigem pouca ou nenhuma qualificação profissional ou educação formal. Isso em geral está aliado a fatores como pobreza, baixa escolaridade, desigualdade e violência, entre outros”.

Essas características estruturais favorecem a existência de empregos informais e sem garantias, num ciclo de exploração que se repete.

Tecnologia para mapear o problema e5a2t

A plataforma SmartLab, desenvolvida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), é uma das ferramentas que ajudam a identificar, com base em dados públicos, onde o trabalho escravo moderno persiste. O objetivo é subsidiar políticas públicas com evidências e contribuir para ações efetivas de erradicação.

O que diz a lei hoje? 6w4b4z

Atualmente, não é necessário restringir a liberdade de locomoção para configurar trabalho análogo à escravidão. Jornadas exaustivas, condições degradantes, serviços forçados e servidão por dívida são critérios considerados criminosos e íveis de punição, mesmo que o trabalhador tenha teoricamente o direito de ir e vir.

Leia mais n1u6n

  1. Quilombolas em MT vivem mais, mas sofrem com abandono, aponta IBGE 3l5p6v

FALE COM O PP 6s423v

Para falar com a redação do Primeira Página em Mato Grosso, clique aqui. Curta o nosso Facebook e siga a gente no Instagram.

Leia também em Cidadania! 6i1x48

  1. Ativa idade

    Com dança e carinho, idosos vencem a solidão no projeto Ativa Idade 4c33l

    Para chegar à melhor idade com qualidade de vida, o projeto Ativa...

  2. MP investiga abusos em empréstimos consignados de servidores de MT 6h624s

    O Ministério Público abriu um inquérito civil para investigar possíveis práticas abusivas...

  3. Aquece MS

    Aquece MS: 22 mil doações vão esquentar quem precisa neste inverno 6a5w5w

    A cerimônia de encerramento da campanha Aquece MS foi realizada nesta terça-feira...

  4. Descontos de até 95%: Mutirão Fiscal em Cuiabá segue até sexta-feira (30) 6p3g5

    Contribuintes de Cuiabá têm até sexta-feira (30), para participar do Mutirão...

  5. saque automático

    BC libera resgate automático de dinheiro esquecido a partir desta terça 6cp2p

    O Banco Central anunciou nesta segunda-feira (26) uma nova atualização no Sistema...

  6. mães solo

    Mães solo podem se inscrever para ter creche particular gratuita 4c145b

    Mães solo que sejam beneficiárias do programa Mais Social já podem se...