Campeões paralímpicos de MS estão entre atletas sob suspeita de fraude b1qa
Reportagem do Esporte Espetacular, da TV Globo, mostrou imagens e depoimentos de pessoas que contestam categoria dos atletas em competições 18546g
Os irmãos Silvânia Costa e Ricardo Costa, atletas paralímpicos de Três Lagoas, medalhistas em grandes competições nacionais e mundiais – o que inclui Paralímpiadas – são alvos de denúncias que põem em cheque conquistas da dupla.

Depoimentos e imagens apresentados pelo Esporte Espetacular, programa da TV Globo, no último domingo (10), indicam que os irmãos podem ter sido classificados de forma errada e, consequentemente, teriam tido vantagem esportiva em competições na categoria para pessoas cegas (LogMAR menor que 2.6).
Ou seja, segundo as denúncias, os atletas enxergam mais do que o previsto em suas categorias.
Os denunciantes afirmam que o comportamento suspeito dos atletas citados é amplamente conhecido por pessoas do meio, inclusive pelo B (Comitê Paralímpico Brasileiro).
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Uma pessoa, não identificada pela reportagem, disse que “os dirigentes do B estão cientes de que existe trapaça de atletas que não são cegos”.
As denúncias são de 2020. Por três anos, a TV Globo apurou o que foi ado pelas fontes e chegou a monitorar os atletas citados.
Silvânia 6h141t
Bicampeã paralímpica do salto em distância T11, foi ouro nos Jogos do Rio, em 2016, e de Tóquio, em 2020. O diagnóstico de distrofia chamada “Doença de Stargardt”, que afeta a visão central, veio quando ainda criança.

Porém, em depoimentos, pessoas afirmam ter visto Silvânia fazendo ações que dificilmente alguém com baixíssima visão faria. Vídeos apresentados também mostram a sul-mato-grossense desviando de obstáculos e se deslocando em espaços estreitos.
O vídeo de uma competição antiga de Silvânia também foi recuperado. Trata-se de um disputa olímpica da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), voltada para atletas sem deficiência.
No vídeo, Silvânia se posiciona sozinha no bloco, aparece correndo em linha reta, sem o auxílio de um guia, e desacelera ao ar a marca dos 100 metros. A competição foi realizada em abril de 2021.
A oftamologista Maria Aparecida Onuki Haddad analisou as imagens. “A única coisa que intriga é que ela realmente foi muito bem na própria rota. Por que competiria numa competição olímpica se é uma pessoa que precisa de forma comprovada da ajuda de outra pessoa para fazer a competição? – disse Maria Aparecida Onuki Haddad.
Ricardo 1t5r5e
Campeão do salto em distância T11 nas Paralimpíadas do Rio 2016, o irmão de Silvânia teve a visão limitada pela mesma enfermidade congênita que ela, a Doença de Stargardt.
Em diferentes momentos e flagrantes feitos pela reportagem, Ricardo Costa aparece caminhando sozinho e sem bengala, de casa até o Centro Paralímpico Brasileiro, e até entrando normalmente em um carro, durante carona.

“A pessoa com deficiência visual é a que entrou no carro agora? Não. E ela fala que é cega? Não, não pode. Sendo cega fazer esse movimento? Não. Ela foi direto na maçaneta do carro. O carro parou, ela reconheceu e foi direto na maçaneta sem tatear”, analisou Onuki Haddad.
Retornos 5c1m5h
Silvânia conversou com a reportagem do Esporte Espetacular por vídeochamada.
“Eu sou T11, eu sou considerada como cega. Mas não quer dizer que só vejo escuridão, e não quer dizer que eu não esteja vendo. Existe um resíduo de 5%, e eu utilizo meu resíduo no meu dia a dia, nas minhas dificuldades. A gente vai perdendo a visão, a gente vai ficando bom de audição, de tato, de comunicação”, alegou.
A atleta também disse que foi se adaptando, com o tempo, às situações do dia a dia, que usa bengala conforme a dificuldade e que tem dias que consegue enxergar, mesmo que um apenas um pouco.
“Tem dias que eu estou enxergando para caramba, tem dias que eu chego ao meu treino e tô bem. Quando tem muita gente no mesmo local fazendo barulhos, não me dá informações do que está acontecendo. Eu me perco, eu me trombo e aí eu utilizo bengala”.
Sobre a disputa de 2021, a atleta alegou que pessoas estavam do lado de fora da pista, dando auxílio para ela correr na direção certa. “Existia uma arbitragem lateral naquele vídeo que gritava o tempo todo. E aquilo para mim já era a minha visão, eu não precisava de outra pessoa estar me chamando e nem precisava estar vendo para correr”.
Silvânia tamém alegou ter protestado ao ser classificada na T11, a categoria para os competidores com maior restrição visual.
“Não é o atleta que escolhe a classe, mas sim sua deficiência visual comprovada em laudo, comprovada em exame. E eu tenho oito classificações internacionais. Isso não quer dizer que eu sou T11, que eu seja cega, não quer dizer que eu não tenha resíduo, que eu deixe de fazer ou não fazer as coisas. O que está na minha rotina, no meu dia a dia, eu faço com tranquilidade. Quando eu fui considerada T11 cega, a gente recorreu contra a decisão do classificador. Eu não queria ficar na T11. Pagamos o recurso para que eu não fosse considerada T11”.
O irmão dela, Ricardo Costa, não atendeu ligações, nem respondeu mensagens enviadas pela equipe de reportagem.
Em nota, o Comitê Paralímpico Brasileiro disse que não é conivente com qualquer circunstância que não promova a justiça no esporte, que preza pela ética em todo seu processo de gestão e istração, seguindo as regras, políticas e diretrizes de classificação do Comitê Paralímpico Internacional.
A nota diz ainda, que todos os atletas citados na reportagem aram por diversas classificações internacionais em diferentes períodos, competições, países e bancas de classificação, inclusive, com questionamentos e protestos do Comitê Paralímpico Brasileiro contrários aos resultados das classificações internacionais.