Sucuri solitária é guardiã de buraco misterioso povoado por araras em MS 3b6l36
O mistério não fica resguardado somente ao grande buraco. Pouco se sabe sobre a "guardiã". 3b1u38
Sucuri solitária pode parecer redundante, já que a espécie de fato vive sozinha, mas essa fêmea avistada pela primeira vez em 2017 elevou o nível de solidão para a própria existência. A serpente escolheu como morada o famoso Buraco das Araras”, localizado em Jardim, e um dos pontos turísticos mais emblemáticos de Mato Grosso do Sul.
O primeiro a testemunhar a presença da serpente na cavidade rochosa habitada majoritariamente por araras-vermelhas, foi o turismólogo do local, Josenildo Vasquez.
“O turista estava com um binóculo e falou que estava vendo um tronco se mexer, quando o guia que o acompanhava foi ver, era ela. Foi a primeira vez que a vimos claramente, foi incrível, mas começamos a pensar como ela chegou lá? Ela vive em completo isolamento do resto do mundo, o mundo dela é o buraco”.

Não se sabe ao certo como a serpente foi parar lá. Uma das hipóteses é a de que foi arrastada por uma enxurrada durante forte chuva e acabou ficando presa na cratera que tem 100 metros de profundidade e 500 metros de circunferência.
O mistério não fica resguardado somente ao grande buraco. Pouco se sabe sobre a “guardiã”. Isso porque adentrar a cratera é proibido, então as informações que se tem até hoje foram constatadas por meio dos raros avistamentos feitos.

Mas, como se sabe, a solidão é companheira da espécie. A doutora em Ecologia e especialista em répteis, Juliana de Souza Terra, explica melhor sobre tal hábito.
“As sucuris têm hábitos solitários, não é incomum encontrar mais de uma dividindo o mesmo ambiente, mas elas não costumam interagir, sendo solitárias. Apenas durante a época reprodutiva que observamos agregações de sucuris chamadas de bolo de reprodução, nessas ocasiões uma fêmea libera feromônios para atrair os machos da região para a cópula, mas no resto do ano elas são solitárias”.
Buraco das Araras v5b
A formação geológica do local iniciou há mais de 10 milhões de anos e o grande buraco que abriga inúmeras espécies foi formado há cerca de 300 mil anos. Além da sucuri, o local também é lar de 120 araras-vermelhas e mais de 150 espécies de animais silvestres.
Devido à rica biodiversidade que habita as paredes e o fundo da cratera, o local foi reconhecido como uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) em 2007 pelo governo federal.