Pocha e Guille: veja como está a adaptação das novas moradoras do Santuário de Elefantes 4l2ys
Mãe e filha chegaram ao Santuário de Elefantes no dia 12 de maio e estão se acostumando à nova vida 1v2b6s
Perto da cerca, sob um sol escaldante que ilumina e realça a beleza da vegetação local, mãe e filha aguardam ansiosas. Uma mangueira e uma torneira já indicam o que Pocha e Guillermina querem, com olhares dóceis, mas atentos à movimentação dos humanos que se aproximam delas naquela manhã: água, muita água. Seguida de lama e brincadeiras. Coisa de elefante.

Já são aproximadamente 20 dias como novas moradoras do SEB (Santuário de Elefantes Brasil), em Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá. Mas, para Pocha, de 56 anos, e Guillermina, de 23, tudo ainda é muito novo, desafiador, instigante e estimulante, tudo ao mesmo tempo. É compreensível. Ambas viveram muito tempo confinadas em um fosso de concreto no Ecoparque Mendoza, na Argentina.
Nesta semana, o Primeira Página retornou ao Santuário para acompanhar de perto como tem sido esse processo de readaptação das duas, que ainda não se juntaram às demais cinco elefantas que já moram no local.
“Cada elefante reage de forma diferente. O caso das duas é mais complexo por causa da relação mãe e filha. Para a gente é interessante observar porque elas não estão somente explorando uma nova vida. Elas estão, na verdade, redescobrindo quem elas são como indivíduos”, disse o americano Scott Blais, presidente e cofundador do SEB.
Parte dessa complexidade é percebida numa dinâmica curiosa entre as duas elefantas asiáticas: Guillermina, nascida e criada em cativeiro, exerce controle sobre a mãe, que ou a maior parte da vida no ecoparque argentino.
A mais jovem também anda em círculos, um hábito característico de ansiedade, e que ela carrega desde Mendoza.
“Quando a Guillermina quer alguma coisa, por exemplo, ela controla a mãe. Ela é mais ativa, mas mais ansiosa”, conta Blais. “Quando Guillermina quer descansar, mas não está confortável, ela anda. Mas não descansa”.
Outro ponto observado nessas quase três semanas é o aparente cansaço de Pocha. Não chega a ser motivo de preocupação, mas despertou a atenção dos cuidadores.
“Ela parece cansada. Você olha para ela e vê que está com pouca energia. Não é crítico, de forma alguma, mas quando se está com pouca energia, você não quer acrescentar muito entusiasmo, agitação, mesmo que isso seja positivo. O que queremos é dar a ela o mundo, mas ao tempo temos que providenciar cuidados apropriados, prestar atenção aos sinais que ela dá, e respeitá-los”, explicou Blais.
Mãe e filha já mostraram também que gostam de explorar a área depois que o sol se põe, momento em que se sentem mais à vontade.
“Muita vezes, à noite, elas se sentem confortáveis para sair. Imagens de câmeras de segurança mostram as duas explorando os arredores e voltando somente na manhã seguinte. (….) Há muito trombeteio no meio da noite, muita festa à noite”, brincou Blais.
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Elefantes podem, de fato, serem mais ativos no período noturno, entretanto isso depende do ambiente em que estão. No caso do santuário, disse Blais, em função do calor, muitos animais tendem a ficar à sombra durante o dia, descansando e relaxando, e já a partir da tarde se tornarem mais ativos.
O padrão de ir e voltar 3h452r
Quando chegaram, no dia 12 de maio, Pocha e Guillermina demoraram horas para saírem das caixas de transporte onde tinham ficado durante os cinco dias de viagem até chegar ao Santuário. Depois, elas permaneceram juntas num galpão e, após dois dias, foram abertas as cercas para que pudessem ter o a um recinto maior dentro do SEB.
“Demos a chance para elas irem e voltarem quando quisessem. Porém, por causa do ambiente limitado em que viviam, as condições extremas, demorou um pouco para que as duas se sentissem confortáveis para explorar mais”, contou Blais.

Essa limitação de espaço na Argentina fez com que Pocha e Guillermina desenvolvessem um padrão de ir e voltar muitas vezes.
“Elas saem para explorar, ficam 20, 30 minutos fora e depois voltam por cinco minutos. E retornam para explorar. E voltam novamente. É como se voltassem para uma base. Elas precisam voltar para um lugar seguro. O que é brilhante, na verdade, porque elas vão para um local onde se sentem confortáveis”, disse.
Mãe e filha ainda não tiveram o ao ambiente onde ficam Bambi, Maia, Mara e Rana (Lady fica isolada das demais, por questão natural de comportamento dela), o que deve acontecer nos próximos dias. Porém, já ficaram próximas das vizinhas, ainda que separadas por uma cerca. Nessas ocasiões, o ir e vir também ocorre.
“Quando estão perto das outras, elas parecem felizes, mas não tem muita interação”, disse Blais.
Alimentação e sobrepeso 2y4k69
Décadas de má alimentação, e pouco estímulo e espaço para se movimentarem tiveram reflexo no corpo das duas elefantas. Mãe e filha estão com sobrepeso, pouca musculatura e, possivelmente, carentes de nutrientes.
“Sair de uma poça de lama é mais difícil para elas do que para as outras elefantas por causa dessa falta de músculos”, disse Blais.
No Santuário de Elefantes Brasil, elas se alimentam basicamente de capim, folhas das arvores, frutas, legumes e aveia. Aproximadamente 80% do que elas comem está na natureza. Os outros 20% são fornecidos pelos tratadores, disse Blais.
Ele afirmou ainda que exames mais detalhados devem demorar para serem feitos nas duas elefantas. É preciso mais tempo para ganhar a confiança delas para procedimentos como uma coleta de sangue, por exemplo. A olho nu é possível perceber algumas lesões na pele, provocadas por má higiene. No geral, porém, ambas parecem saudáveis, assegurou.

A bela cena de Pocha e Guillermina, mãe e filha, brincando com a água e a lama agora é diária no Santuário de Elefantes.
“Elas adoram água. Elas adoram vida”, disse Blais.