Mudança termina em tragédia e cachorro é entregue morto à família em MS

Durante o embarque, a família mencionou que Duke era apenas ansioso e que, longe dos tutores, não apresentava comportamento agressivo

Mudar de cidade é um desafio, especialmente para quem tem um animal de estimação.

A família de Érica Castro, que se mudou de Manaus para Campo Grande, decidiu contratar uma empresa especialista em transportes de animais, acreditando que isso garantiria um transporte seguro para o cão Duke, que fazia parte da família há oito anos.

No entanto, a mudança se transformou em uma tragédia.

Em uma postagem nas redes sociais, Érica relatou o sofrimento causado pela morte cachorro, acusando a transportadora de negligência. A empresa contratada foi a Mobilypets, que afirmou em nota não ter responsabilidade pela morte do animal (leia o retorno na íntegra mais abaixo).

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Segundo o relato da tutora, Duke (um cachorro da raça Sharpei) embarcou na Mobilypets na terça-feira, 5 de novembro, por volta das 23h30 e durante a viagem, ele não teria recebido os cuidados básicos, como alimentação e acolhimento, permanecendo preso em uma caixa.

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Cachorro já morto durante o transporte (Foto: Reprodução Instagram)

A família foi informada na sexta-feira, 8 de novembro, que Duke havia morrido, e os veterinários confirmaram que ele chegou sem vida.

A Mobilypets, em sua defesa, alegou que o animal era considerado agressivo e que as informações sobre sua condição não foram comunicadas corretamente. A empresa afirmou que Duke embarcou apenas no dia 6, quarta-feira, e que tinha orientações claras sobre o transporte de animais, aceitando somente cães saudáveis e sociáveis. Durante o embarque, a família mencionou que Duke era apenas ansioso e que, longe dos tutores, não apresentava comportamento agressivo. 

Embora a família tenha informado sobre um calmante istrado um dia antes, a transportadora alegou que não recebeu informações sobre a medicação e a dosagem, o que impossibilitou um manejo adequado.

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Duck estava se mudando para Campo Grande com a família (Foto: Reprodução Instagram)

A Mobilypets também declarou que a causa da morte não foi maus-tratos, mas possivelmente um pico de estresse. A empresa lamentou o ocorrido e afirmou estar em contato constante com a família, oferecendo apoio.

Confira a nota na íntegra

“Fomos contratados para realizar o transporte de um pet da raça Sharpei, saindo de Manaus com destino a Campo Grande (MS). Nosso serviço coletivo é disponibilizado pata pets saudáveis e sociáveis, permitindo que os motoristas possam manipular, desembarcar, ear e alimentar os animais para conforto e segurança do pet e dos motoristas. Cientes dessa condição, informada à cliente no ato da negociação (temos áudios, conversas e registros), enfatizamos que o pet devia ser sociável e que não transportamos animais agressivos. A cliente informou que Duke era apenas ansioso e, às vezes, agressivo na presença deles, como um cão de guarda, mas que, na ausência deles, seria um animal tranquilo.
Explicamos sobre a possibilidade de medicar o pet com um calmante, desde que prescrito pelo veterinário e comunicado à nossa central. Antes do embarque, fizemos uma nova entrevista sobre o pet, incluindo a questão de medicamentos. Nesta entrevista, ao ser questionada novamente sobre medicamentos, a cliente não mencionou a necessidade de medicar o pet. Reafirmou que ele “era ansioso, e agressivo na presença deles. Longe deles, era tranquilo”, e disse ainda que ele ia de carro veterinário.
Contudo, apenas no ato do embarque, ao ser novamente questionada sobre medicamentos, a cliente informou aos motoristas que havia istrado um calmante no pet no dia anterior. Esta informação não foi previamente comunicada à nossa central. A tutora não soube informar o nome do medicamento nem a dosagem utilizada, e comprometeu-se a enviar essas informações à central, mas isso não ocorreu.
Nossa central, portanto, não foi informada sobre o nome do medicamento, o que impediu que providenciássemos o mesmo ao longo do caminho, caso necessário. A tutora também não mencionou que seria preciso medicá-lo novamente, afirmando apenas que ele ficaria calmo. Reforçou que, longe dos tutores, Duke não era agressivo, era apenas ansioso. Disse que a dificuldade seria apenas colocar o mesmo na caixa, e que, inclusive, ficava tranquilo ao ir de carro ao veterinário. (temos o vídeo dela fazendo essa afirmação ao motorista). O processo de embarque levou cerca de uma hora, durante a qual nem mesmo os tutores conseguiram embarcá-lo. Temos vídeos onde os motoristas tentavam aproximação e Duke, sem culpa alguma, tentava morder a avançar. Realizamos o embarque acreditando na informação da tutora de que a medicação istrada acalmaria o pet. Porém, durante todo o trajeto, ele se mostrou totalmente agressivo, e tentamos diversas formas de acalmá-lo. Enviamos fotos e vídeos para a tutora, mostrando nossas tentativas de aproximação e manejo do pet. Atravessamos a BR-319 com ele e mantivemos contato com a tutora, exceto nas áreas sem cobertura de rede. Devido à falta de informação precisas sobre o medicamento istrado, e considerando que o remédio não teve o efeito desejado para garantir a segurança do transporte, buscamos uma clínica veterinária em Rondônia.
A possível causa da morte, informada na certidão de óbito emitida pela clínica, não foi maus tratos, desidratação ou falta de alimentos. Nosso veículo utilizado para o transporte, é um veículo novo, refrigerado e tínhamos poucos pets no carro. Não havia superlotação, não havia calor excessivo. É importante ressaltar que a possível causa informada na certidão foi um pico de estresse.
Procuramos algum local que fosse possível necropsia, para rastrear com mais exatidão o que causou o óbito, mas não havia infraestrutura no interior de Rondônia para que conseguíssemos fazer.
Segundo a clínica, “se ele havia tomado algum remédio, o efeito ou e ele voltou ao estado de agitação original”, e devido à ansiedade intensa, faleceu por estresse. Ainda não recebemos da tutora a informação do remédio dado ao Duke, tampouco a dosagem istrada. Lamentamos profundamente o ocorrido. Desde o momento em que ele começou a latir intensamente, comunicamos a situação à tutora, informando que estávamos em direção à clínica veterinária. Durante todo o processo, mantivemos a tutora informada. Após o óbito, nossa equipe se colocou à disposição da tutora para esclarecer, apoiar, apurar e prestar toda a assistência necessária neste momento delicado. Mantivemos o contato constante com a tutora, buscando fornecer toda a assistência necessária”.

Nota da empresa no Instagram.

Família em luto

No entanto, a família de Érica se sente devastada pela perda e continua a exigir justiça pelo que considera uma falha grave no atendimento ao animal. A situação levanta questões importantes sobre a responsabilidade no transporte de animais, tornando ainda mais crucial a busca por serviços de transporte seguros para tutores de pets que enfrentam mudanças de cidade.

Caso de repercussão nacional

Um caso de repercussão nacional ocorreu com o cão, Joca, que morreu durante o transporte aéreo no dia 22 de abril, neste ano. Joca deveria ser transportado do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, para Sinop, a 503 km de Cuiabá, mas acabou sendo embarcado em um voo com destino a Fortaleza (CE). 

Quando o tutor João Fantazzini foi buscá-lo em Guarulhos, descobriu que ele não sobreviveu à viagem. Na época, a família de João explicou que ele havia se mudado para Sorriso, a cerca de 80 km de Sinop, a trabalho, e que trazia Joca como único companheiro para viver com ele em Mato Grosso. O caso ganhou repercussão nacional, e durante uma entrevista, a apresentadora Ana Maria Braga chegou a chorar ao ouvir a história.

Após o incidente, a defesa de João Fantazzini afirmou que segue com o propósito de defender a ‘Lei Joca’, projeto de lei n° 1474, de 2024, que busca rever a legislação sobre o transporte aéreo de animais. Entre outras medidas, a proposta determina que as empresas devem providenciar câmaras oxigenadas e iluminadas, compartimentos para água e alimentos, e travas para caixas de transporte. O autor da proposta é o senador Randolfe Rodrigues. A relatora, a senadora por Mato Grosso, Margareth Buzetti, se pronunciou em suas redes sociais, afirmando que finalizará o relatório da lei ainda este ano e fará o possível para que seja sancionada. “Estamos falando de vida. Negligência é maus-tratos”, disse ela.

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