Macaco criado como filho é apreendido pelo Ibama em Barra do Garças 4pi
O macaco-prego chamado Guerreiro, vivia com o médico Morato Luiz em Barra do Garças após ser resgatado à beira da morte, mas ele foi apreendido pelo Ibama e a família do médico quer o animal de volta 1j571q
O que começou como um ato de compaixão acabou se transformando em dor e em uma batalha judicial em Mato Grosso. Há cerca de um ano e meio, o médico cirurgião Morato Luiz Costa resgatou, perto de sua chácara, em Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá, o “Guerreiro”, um macaco-prego recém-nascido, que segundo ele estava à beira da morte. O animal estava com perna amputada, infestada de larvas, sem forças se quer para reagir.

“Peguei ele com umas 120 gramas, era muito pequeno. A perna estava tomada de bicho. Achei que não sobreviveria, mas tentei tudo o que pude”, contou o médico Morato Luiz ao Primeira Página. Com o apoio de uma amiga médica neonatologista, além da própria experiência profissional, Morato fez curativos, retirou as larvas e iniciou um tratamento.
O animal sobreviveu e ganhou o nome de Guerreiro. Morato lembrou que ou a considerar o animal como parte da família.
“Nós adaptamos nossa casa para ele. A planta da nova casa foi mudada só para incluir um viveiro para o Guerreiro. Ele era o xodó da minha filha. Dormia com ela. Virou nosso filho mais novo”.
Morato procurou a Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema) e obteve autorização provisória para manter o animal sob sua guarda. Ele conta que cumpriu todas as exigências legais, chipou o macaco, fez os laudos veterinários e aguardava a guarda definitiva. Um documento enviado à reportagem comprova que Sema chegou a fazer uma inspeção na casa de Morado para a concessão de guarda.
Morato informou que o Ibama entrou em contato com ele após cerca de 9 meses do resgate.
No dia 30 de maio de 2025, ele contou que os agentes do Ibama apareceram em sua casa para cumprir ordem judicial e apreender o animal. Câmeras de seguranças flagraram o momento que os agentes chegaram para fazer a apreensão do macaco-prego.
“Entraram como se estivessem invadindo um cativeiro de tráfico. Metralhadora, pistola, gritaria. Minha filha ficou em choque. Eles levaram o Guerreiro e não disseram nem para onde. Até hoje, oficialmente, não sei onde ele está”, contou.
A justificativa do Ibama, segundo Morato Luiz, teria sido a exposição indevida do animal, baseada em fotos publicadas nas redes sociais. No entanto, o médico nega que tenha exposto o animal na internet.
“Nunca postei foto dele para os outros. As poucas imagens que existem são nossas, pessoais. Nunca usei o Guerreiro para aparecer ou ganhar dinheiro. Ele era só parte da nossa vida.”
Veja vídeo do momento da apreensão do Guerreiro:
Desde a apreensão, Morato não teve mais contato com Guerreiro. Ele foi informado de que o animal foi levado para um centro de reabilitação em Brasília. Após a recolha de Guerreiro, Morato entrou na Justiça Federal para tentar reaver o direito de cuidar do animal que salvou. Já são três processos em andamento, todos sob sigilo judicial, informou.
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Uma campanha chamada “Volta Guerreiro” foi iniciada nas redes sociais pedindo que o animal seja devolvido para a família.
“Eles não tiraram um animal. Eles tiraram um pedaço da nossa família. Nós não criamos o Guerreiro para o mundo. Criamos ele para viver com a gente, porque ele precisava, porque ele não sobreviveria fora daqui”, finalizou Morato.
O que diz os órgãos ambientais responsáveis? o4ee
O Instituto Chico Mendes (ICMBio) informou não ter unidade sobreposta no este município nem nas proximidades e, por isso, não responde nesse caso.
Já o Ibama e a Secretaria de Meio Ambiente não se manifestaram até a publicação desta reportagem.
A imagem do macaco-prego usada na reportagem é apenas uma ilustração. A foto do verdadeiro macaco-prego apreendido não foi divulgada devido ao processo judicial.