De coruja a ouriço: pets não convencionais requerem cuidados especiais 37x5v
Os médicos veterinários Douglas Isaias, Pedro Fernandes e Nandi Simon contam como é cuidar desses animais não convencionais em Campo Grande 2a6m6y
Não só gatos e cachorros fazem a alegria das famílias. Animais não convencionais e silvestres, como calopsita, ouriço e coelho também se tornaram verdadeiros pets nos lares, em Campo Grande, e que requerem cuidados especiais dos tutores.

Leia mais n1u6n
Nós já contamos a história do casal Fania Deluque e Renato Heinst, que tem 8 calopsitas, 3 periquitos australianos e 1 red rumped em casa.
Segundo ela, o maior cuidado em relação a pets não convencionais está no tratamento, já que eles adoecem rápido. “ Eles [as aves] são nossas vidas e infelizmente quando adoecem ficam mal bem rápido”, conta Fania.
Normalmente quem cuida dos pássaros do casal é o veterinário Pedro Fernandes, de 26 anos, pós-graduado em clínica em animais silvestres e pós-graduando em clínica e cirurgia de pets não convencionais. “Mudei para Campo Grande por conta do amor e iração da fauna silvestre, buscando estar próximo ao Pantanal”, diz Pedro, que tem um sócio, o também veterinário Douglas Isais, de 24 anos.

Douglas é natural de Porto Murtinho, distante a 425 km de Campo Grande, ele conta que os animais silvestres sempre fizeram parte da sua vida.
“Sempre fizeram parte do meu dia a dia: araras, papagaios, mamíferos de todos os tamanhos. Nos anos iniciais da faculdade, comecei a procurar as áreas onde o médico veterinário poderia atuar com animais silvestres. Fiz vários estágios em projetos de conservação do nosso estado”, explica Douglas.
O profissional já ou pelo “Bandeiras e Rodovias”, que se dedica às pesquisas para entender a alta taxa de mortalidade dos tamanduás-bandeira, assim como no “Projeto Ariranhas”, focado nos estudos e ações de conservação da espécie. Antes disso, o período acadêmico também teve grandes descobertas.

“No estágio de conclusão de curso, realizei no CRAS (Centro de reabilitação de animais silvestres), que foi decisivo na minha escolha de continuar na área. O amor pela medicina desses animais me consumiu. Em Campo Grande, vi a necessidade de ter mais profissionais voltados para esses animais e tutores, pois são totalmente diferentes de cães e gatos; são fisiologias diferentes, abordagens, contenção, entre outros fatores que mudam de paciente para paciente”, declara Douglas.
Assim surgiu a ideia de montar uma equipe focada nos animais silvestres, não convencionais e exóticos. Junto de Douglas, está outro veterinário, Pedro Fernandes Semensato, 26 anos.
“Todos os animais merecem um atendimento digno, então, a busca pelos pets não convencionais vem pela escassez de veterinários especializados nessa área. Com essa grande carência, precisamos sempre estar nos atualizando e aprimorando para realizar os atendimentos, dito que trabalhamos com diversas espécies diferentes, cada um com sua anatomia e fisiologia”, aponta Douglas.
“Temos uma equipe de veterinários exclusiva para pets não convencionais (exóticos e silvestres), internação de acordo com a espécies, cirurgias, exames de imagens, exames laboratoriais e especialidades”, completa o veterinário.
Pacientes fofos 4m3z67
Jurema e Ester, duas tartarugas, também são outras pacientes. “Uma segurança para nós, principalmente para atendimento especializado para répteis. Considerando que são poucos os profissionais. Quando encontramos um que não mede esforços para emergências nos tranquiliza muito”, declara Eliana de Mattos, professora e tutora das tartarugas.
O trio de coelhinhos da Ana Rosângela também fazem são cuidadas pelos veterinários. “A princípio seria um, mas quando fomos à procura, minha filha se apaixonou pela Lilly e eu pela Ofélia”, diz Ana.

Corujas? Também! 4f1u6q
Apaixonada por animais não convencionais, a veterinária Nandi Simon, já teve de tudo: “Já criei tudo o que você imagina. Cachorro sempre tive vários, gato, porquinho da Índia, hamster, cágado, tartaruga, peixes e sapo. Adoro sapo. Só cobra que não criei em casa por conta das crianças”, revela. Um dos mais diferentes é o Tocha, um fofo ouriço pigmeu.
Esse carinho acabou levando a profissional a procurar especialização na área, realizando ultrassonografia em animais silvestres e não convencionais.
“Eu fiz a pós, e todos os cursos relacionados a gatos e cachorros, e procurei os pets não convencionais, justamente para poder atender. Quase não tem muita gente voltada pra eles. E cada vez mais está crescendo esses pets não convencionais. Sempre gostei dos diferentes. Os que acham feio eu gosto”, continua rindo.

Nesse caminho, ela acabou resgatando filhotes da espécie Coruja Suindara (Tyto furcata), da fazenda onde mora. Ela cuidou por um tempo, junto de Douglas, até entregar os animais ao CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), mantido pelo Governo do Estado.

“As corujas são da minha fazenda. Eram filhotes da mãezinha que morreu afogada num tambor. Eu resgatei os filhotes. Um deles estava bem desidratado, mas ficaram bem. O Douglas foi até minha casa, fez avaliação para saber se estava tudo bem com elas”, conta Nandi.

Animais não convencionais, silvestres e exóticos 611b2
Saiba a diferença:
- Animais não convencionais: são animais permitidos a se ter como pets. Exemplos: porquinhos da Índia, calopsitas, coelhos, hamsters, entre outros. Eles devem conter documentação correta.
- Animais silvestres: são animais que não são permitidos de ter em casa, e que precisam e devem ficar no seu habitat natural. Como os tamanduás, capivaras, quatis e gambás.
- Animais exóticos: refere-se ao que não pertence aquele ecossistema natural, como os tigres d’águas de orelha vermelha (cágados) e os ferrets, por exemplo. Mas com a documentação correta, é possível ter em casa.