Queda na margem de lucro e maiores custos de produção agrícola são previstos para 2023 2k144o
Dentre as previsões para 2023, a Confederação da Agricultura e Pecuária estima que o próximo ano deve ser desafiador, mas com boas perspectivas para o agro no Brasil. 2h2g2y
Durante uma entrevista coletiva, realizada nesta quarta-feira (7), em Brasília, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) discutiu as previsões do setor para o próximo ano, nos cenários interno e externo. Uma diminuição na margem de lucro com redução de receita para o o produtor rural e uma possível alta dos custos de produção na atividade estão entre as estimativas.

A coletiva que ocorreu no Distrito Federal teve o objetivo de apresentar o balanço da atividade agropecuária em 2022 e as perspectivas para 2023, com a participação do presidente da CNA, João Martins, do diretor técnico, Bruno Lucchi, e da diretora de Relações Internacionais, Sueme Mori.
Previsões para 2023 48184i
Um dos primeiros assuntos tratados no encontro foi relacionado ao ambiente nacional e o fato de que incertezas no controle de despesas públicas e a condução da política fiscal podem impactar os custos do setor agropecuário, principalmente em relação aos impostos.
A Taxa Selic, que hoje está em torno de 13,75% ao ano, deve se manter elevada em 2023, gerando mais custos ao crédito para consumo, custeios e investimentos, sendo que o crédito privado deve se consolidar como alternativa para o produtor financiar sua produção nas próximas safras.
No cenário internacional, a desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) mundial está prevista, o que pode influenciar as exportações brasileiras do agro no próximo ano. Há também a estimativa de queda no crescimento econômico de alguns dos dos principais parceiros comerciais do Brasil, como China, Estados Unidos e União Europeia.
Com isso, o cenário externo seguirá variável, com a incerteza na disponibilidade global de grãos e de insumos – causados principalmente pela guerra da Rússia na Ucrânia.
(PIB) Produto Interno Bruto 11625
Segundo as estimativas da CNA, pode haver uma variação entre a estabilidade do PIB ou um crescimento de até 2,5% para o Produto Interno do agronegócio, se comparado a este ano. Isso porque os custos de produção devem permanecer elevados, enquanto os preços internacionais das das commodities agrícolas podem cair.

Porém, mesmo com a alta do PIB, o resulto ainda é de recuperação no setor, se levarmos em conta que o PIB deste ano deve fechar em queda de 4,1%, após ter registrado recordes em 2020 e 2021, reflexo da forte alta dos custos com insumos no setor, como os preços dos defensivos e fertilizantes, que tiveram mais de 100% de aumento.
VPB (Valor Bruto da Produção) 462m9
O VPB é responsável por medir o faturamento da produção agropecuária ‘dentro da porteira’, como o plantio, manejo, colheita, beneficiamento, manutenção de máquinas, armazenamento dos insumos, descarte de embalagens de agrotóxicos e mão de obra.
Na coletiva, a CNA explicou que o VPB deve ter um crescimento de 1,1% no próximo ano, em relação a 2022, mostrando um ritmo menor de expansão, puxado pelo comportamento da pecuária, que deve ter uma receita 2,3% menor em 2023 em relação a este ano.
Safra de grãos 24d1l
A produção de grãos deve ter um aumento de 15,5% na safra 2022/2023, chegando a 313 milhões de toneladas, como espera a CNA e como previu a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em novembro deste ano.

Esse crescimento é reflexo da elevação na área plantada, que pode atingir 76,8 milhões de hectares e quem lidera o ranking é a soja, que deve ter o plantio de 43,2 milhões de hectares, superando em 4% o ciclo anterior.
A oleaginosa também deve recuperar a produtividade, favorecida pelas condições climáticas, em 17% na comparação com a safra ada e a produção deve totalizar 153,5 milhões de toneladas.
Comércio exterior 1u235g
Para a Confederação, o próximo ano deve ser desafiador, mas com boas perspectivas para que o Brasil continue aumentando a sua participação no comércio agrícola internacional e cumprindo a sua vocação de ser um grande fornecedor de alimento, interna e externamente, contribuindo para a segurança alimentar global.
Na avaliação da CNA, o comércio internacional de bens deve desacelerar, sendo que a OMC (Organização Mundial de Comércio) prevê um aumento de apenas 1% no volume transacionado, bem abaixo dos 3,4% esperados para 2022.
Com isso, o comércio agrícola também deve crescer em níveis menores do que em anos anteriores, fator causado pelo crescimento mais lento das importações da China, a retomada econômica mundial em função da pandemia de covid-19 e o conflito entre Rússia e Ucrânia e seus impactos – que aumentou preço de insumos, gerou crise energética, e reduziu a oferta grãos.
Por outro lado, as importações mundiais dos principais produtos exportados pelo Brasil devem aumentar, apesar das taxas serem inferiores às registradas nos anos ados. Nesse cenário, o consumo mundial de soja deve aumentar 1% em 2023, concentrado nos países em desenvolvimento, que devem responder por 74% desse consumo no ano que vem.
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Balanço de 2022 w697
O ano de 2022 foi marcado, entre outros pontos, por uma forte alta dos custos com insumos no setor agropecuário, principalmente pela elevação dos preços de defensivos e fertilizantes, sendo que essa será a principal razão para uma queda do PIB do agronegócio em 2022, que deve fechar em 4,11%.
Além disso, a diminuição na produção de soja e cana-de-açúcar também contribuíram para pressionar o PIB para baixo.

O Valor Bruto da Produção deve alcançar R$ 1,3 trilhão em 2022, crescimento de 2,2% em relação à 2021.
No ramo agrícola, a receita deve subir 3,3% em relação a 2021, alcançando R$ 909,3 bilhões. Na pecuária, a previsão para este ano é de estabilidade, com aumento 0,1%, alcançando R$ 448,5 bilhões. As principais cadeias que mais influenciam no VBP são a soja, a carne bovina e o milho, que, somados, representam 58,4% do total.
No comércio exterior, de janeiro a novembro deste ano, as exportações brasileiras de produtos agropecuários totalizam US$ 148,3 bilhões, superando em 23,1% o total vendido em todo o ano de 2021, de US$ 120,5 bilhões.
Nos 11 primeiros meses de 2022, o agro respondeu por 48% das vendas externas totais do Brasil.