Estiagem prejudica colheita de soja em MS; confira números 1g1t1e
O clima seco que assola Mato Grosso do Sul está prejudicando muito a colheita de soja em diversas propriedades rurais. Apesar da triste realidade, muitos produtores não param os trabalhos no campo.
Uma fazenda, localizada em Campo Grande, tem 1.400 hectares de área plantada do grão, mesma quantidade da safra anterior. Segundo o produtor rural Zelir Maggioni, a expectativa era colher uma média de 70 sacas por hectare. Porém, por conta da falta de chuva, a previsão caiu para 55 sacas. Ainda segundo o agricultor, o plantio deste ciclo iniciou mais cedo, em outubro.
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“Planta perfeita, cresceu tudo perfeito. Aí pegamos uma estiagem já no início dos primeiros 30 dias que judiou bastante e, depois nesse meio tempo, mais duas estiagens e uma bem no enchimento de grãos, que é o que prejudicou mais a soja. Então, assim, se você olhar o visual a planta está bonita, mas se você analisar…”, revela o agricultor.
Ainda de acordo com Maggioni, muitos grãos estão pequenos, sem peso e sem qualidade. “Infelizmente, nós vamos ter uma quebra bem considerada no final agora na colheita”, declara.
Contudo, o produtor decidiu ter mais cautela no mercado e aguarda por preços melhores pela soja. Até o momento, ele comercializou 60% da produção do grão a uma média de R$ 150 a saca.

“Se você colocar os números no financeiro, você fica maluco. Nós já viemos do ano ado com uma quebra um pouco maior, e o que tem segurado é que os preços estão ando, estão bons. Então esse mercado é o que tem protegido o agricultor, com essa quebra que nós estamos tendo esse ano, mas realmente vai descapitalizando o produtor”, declara.
Nesta safra, Mato Grosso do Sul semeou mais de 3,7 milhões de hectares de soja. O número representa um aumento de 7% com relação ao ciclo ado. Entretanto, mesmo com esse crescimento de área, a produção do grão será menor.
A Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) estima uma produção de mais de 11,4 milhões de toneladas de soja – uma redução de quase 14% se comparada com a última safra.

Outro produtor que sentiu os efeitos da estiagem foi Fernando Souza Mota. Sua colheita deve começar até o dia 15 de fevereiro. E mesmo com um aumento de 500 para 600 hectares nesta safra, ele deve colher a mesma quantidade do ano ado, em torno de 55 sacas por hectare.
“Durante todo ciclo nós não tivemos nada de situação regular de chuva. Até agora tivemos um ano sem regularidade e na reta final castigou mais um pouco, inclusive, por temperaturas muito altas”, alega.
Conforme o agricultor, ele já tem de 10% a 20% a menos na produção. Sobre isso, ainda de acordo com ele, o resultado final sairá quando colocar “a máquina na roça”.

“Porque tem planta que cresceu, mas vai ter problema na hora de grana, então, a gente já considera uma perda. Isso é fato! Nós fizemos mais investimentos: nas áreas antigas, nas áreas que produzem mais. Quase todos os produtores fizeram mais investimentos porque o preço estava bom na comercialização. Então era pra gente ter uma safra e uma produção maior, mas não vai ser. Dificilmente vai acompanhar do ano ado”, relata.
Em sua propriedade, os custos de produção foram os mesmos da safra ada. Até agora, o agricultor vendeu apenas 25% do que espera colher e recebeu em média R$ 150 reais a saca. Porém, o produtor acredita que os preços da soja devem melhorar até o final da colheita.
“A expectativa é que a gente consiga fazer um preço médio de venda um pouco melhor. A gente já vê rumores até perto de R$ 200, não é o nosso caso, mas nas regiões mais próximas. Mas a tentativa é fazer compensar alguma coisa na comercialização. A gente tem o costume de ir travando aos poucos, fazer um preço médio bom, eu acho que acertar no melhor preço é muito difícil, mas aos poucos vamos travando a nossa produção”, finaliza.